
Reprodução: Warner Bros
Aviso: Crítica sem spoilers!
Novo herói “pousa” nas telonas de forma tímida.
O filme Besouro Azul já foi lançado nos cinemas, e vem dois meses após o fracasso de The Flash. Ofuscado pela desconfiança em torno da DC, o novo herói “pousa” nas telonas pela primeira vez, mas de uma forma ainda contida, sem demonstrar todo o seu potencial em meio à saturação do gênero de heróis.
A Warner Bros teve dois grandes prejuízos com a DC, sendo que o primeiro já foi citado e o outro é Shazam! Fúria dos Deuses. A desconfiança do estúdio para com Besouro Azul, é sim, enorme, o que representa que a WB não sabe administrar de forma certa esse selo tão importante. Embora nem tudo seja culpa do estúdio, pois a greve dos roteiristas e atores bateu à porta, o longa-metragem ficou em maus lençóis por não ter mais como ser promovido pelo elenco. Isso complica ainda mais o processo de marketing do longa.

Desde seu início, Besouro Azul é visto como o projeto mais diferente da DC. Inicialmente, o longa seria lançado na HBO Max – e talvez pudesse -, mas com as mudanças na WB, foi transformado em um filme para ser lançado exclusivamente nos cinemas. O primeiro erro foi sacrificar essa obra em prol do calendário de lançamentos. Claramente, poderia ter sido adiado por mais um mês, ou até quem sabe mais. O segundo é justamente estar no meio de The Flash, que é proposto como o fim do DCEU, e Aquaman e o Reino Perdido, que possivelmente é o fim da era Zack Snyder e Walter Hamada.
Na trama, Jaime Reyes (Xolo Maridueña) é um garoto recém-formado na faculdade que volta para a casa de seus pais, em Palmera City. Porém, ele se depara com problemas como a falta de um emprego. Nesse meio tempo, ele acaba conhecendo Jenny Kord (Bruna Marquezine), a filha do genioso Ted Kord, o segundo Besouro Azul. A partir deste encontro, sua vida muda completamente quando ele descobre da existência do Escaravelho, um “ser” que quem tem o controle, ganha um traje totalmente poderoso.
O elenco não é tão conhecido, exceto Xolo e Marquezine, e claro, Susan Sarandon. Todos esses três possuem seus destaques, mas não conseguem ter um desempenho que seja regular do início ao fim. Marquezine derrapa na reta final, e sua personagem não possui uma boa química com Jaime, o que funciona mais como parceria do que um romance. Por sua vez, Sarandon parece estar no automático, interpretando uma personagem totalmente esquecível, mas que leva o público odiá-la por suas ações. Já Maridueña tem mais destaque e está muito à vontade, se soltando como pode para interpretar o hilário Besouro Azul. Também acabou acertando a personalidade do herói, mostrando todo o seu carisma.
Com um elenco de apoio um tanto comum, o filme tenta se segurar em uma história mais engraçada e familiar. A obra fala sobre legado, e é isso que dá ao público desde o primeiro ato. Os espectadores conseguem ter uma noção do que representou o Besouro Azul para o Universo DC, mas o roteiro faz pouco caso de querer apresentar Dan Garett ou Ted Kord de uma forma mais profunda. Isso é um tiro no próprio pé, já que nem todos conhecem os personagens.
Infelizmente, o roteiro não é bom. É clichê. É raso, sem querer se obrigar a se aprofundar nas questões do legado que tanto flerta, embora fale muito da questão familiar e moral de um herói. As subtramas parecem inexistentes, e novamente, cogita querer abrir um arco narrativo secundário sem precisão – neste caso, da avó de Jaime. Faltou um polimento correto, e embora a temática seja rica, o diretor e roteirista Ángel Manuel Soto não soube aproveitar e demonstrou muita insegurança na execução.
Em uma história mais leve e para divertir, Besouro Azul traz o clima quente que o latino-americano. Esse é o grande diferencial de um projeto que é genérico, que não tem uma identidade e nem alma. Não basta isso, mas, também, não possui um vilão minimamente bom. Conrad Carapax (Raoul Trujillo) é apresentado de uma forma totalmente aquém, e não consegue ser marcante, assim como Victoria Kord, de Sarandon.
Se o roteiro pecou, o CGI não. Dessa vez, é um acerto sem tamanho da produção. Os efeitos especiais são o melhor prato para os fãs, com a tonalidade azul sendo ainda mais forte como uma identidade visual para o filme. As coreografias de luta também são assertivas, embora haja poucas cenas de ação e que não são tão marcantes. Além disso, a trilha sonora deixa a desejar, e muito, sendo algo ríspido no filme, que usa um pouco mais da mixagem de som a seu favor, mantendo as faixas sonoras em um plano secundário.
Dado o exposto, o filme Besouro Azul deixa a desejar em vários aspectos. Entretanto, acaba abrindo uma porta para o futuro na DC Studios, com um personagem que pode, sim, melhorar ainda mais com Xolo Maridueña no papel.
Veredito
Besouro Azul peca no roteiro e no vilão, mas tem carisma e é divertido, mostrando o clima mais fervoroso do latino-americano. Mas, mesmo com esses elementos, não brilha o suficiente para ser bom, chegando a ser desinteressante em muitos momentos e deixa nítido o desgaste do gênero de heróis.
6/10.