
Reprodução: Warner Bros
Aviso: Crítica sem spoilers!
O luxo em apenas um filme.
Acredite se quiser, mas Barbie é um projeto que durou anos para sair do papel e teve vários estúdios tentando fazer esse filme andar. Entretanto, nenhum Estúdio tinha a ideia certa para o longa e não achava a linguagem correta para poder se comunicar com o público, visto que estamos falando da própria Barbie.
O projeto caiu nos braços da Greta Gerwig (Lady Bird) uma atriz e diretora que fez seu nome em filmes dependentes, agora está se arriscando em dirigir um projeto de orçamento grande e pegou logo a obra com o nome da boneca mais famosa do mundo. Ela usou tudo que aprendeu nos seus últimos dois filmes para entregar o melhor de sua carreira.

Em entrevista, Gerwig perguntou para o diretor de Show de Truman: “como executar algo que é artificial e emocionante ao mesmo tempo?”, e o resultado dessa ajuda foi ótimo, dado que o longa abraça a estética cartunesca e teatral para navegar em diversos gêneros e abordar assuntos delicados.
Drama existencial, sátira e musical são os gêneros que faz a experiência de Barbie ser enriquecedor e os comentários que Gerwig proporciona na narrativa são certeiros. Barbie surpreende por usar a metalinguagem de uma maneira criativa para compor uma aventura de autodescoberta, onde temos a boneca buscando o motivo do seu suposto “erro” e trazer uma discussão filosófica sobre a vida recheada de humor ácido na medida certa.
Voltando para falar sobre a direção de arte, que é um dos aspectos mais exuberantes do longa por usar a Barbieland como a “Terra do Nunca” da Barbie, pois lá que ela é perfeita, não precisa enfrentar seus problemas e segue sua vida perfeitamente padronizada. Porém, quando chega no mundo real a protagonista recebe a velha “quebra das expectativas” e descobri um mundo onde seus sonhos são insignificantes.
A metalinguagem é uma linguagem muito difícil de trabalhar no cinema, pois o texto precisa saber o que está descrevendo dentro da tela, se não aquilo vai cair na armadilha do superficial. Gerwig consegue trabalhar bem a lnguagem proposta para brincar com os conceitos da Mattel.
A cineasta sempre teve o cuidado de desenvolver suas protagonistas e em Barbie ela usa a beleza da personagem para debater como a mulher é tratada na sociedade e, com isso, fazer críticas sobre o machismo estrutural. A escolha de Margot Robbie (Babilônia) como Barbie foi um acerto. Além da atriz esbanjar sua incrível beleza, Robbie faz uma interpretação surpreendente no papel, ela entrega a comédia e o drama necessário na narrativa.
Ryan Gosling é a surpresa do longa, pois ele se diverte no papel de Ken e o astro mostra como consegue transitar de um personagem sociopata para um boneco carismático tentando ganhar o coração da sua amada, além de performar um número musical extremamente divertido.
O elenco de apoio está se divertindo bastante por representar as inúmeras versões de Barbie e Ken na Barbieland. Vale destacar a divertida America Ferrera (Marcados para Morrer), que desempenha o papel da criança adulta tentando criar novamente laços com sua boneca Barbie. Mas a verdadeira estrela do longa é sua diretora, Greta Gerwig, por conseguir organizar suas ideais e tornarem pertinentes dentro da narrativa.
O longa ainda abre um debate sobre “qual é o meu papel no mundo?” e “por qual o motivo da minha existência?” são dois temas sensíveis que todo mundo já passou na vida, e a cineasta discute esses dois temas usando a Barbie, cujo representa o papel da “mulher perfeita”.
Veredito
Barbie surfa em vários gêneros e usa suas inspirações para presentear o público com uma obra de metalinguagem criativa, e relembra a magia do cinema onde todos os sonhos são possíveis. O longa mostra o porque de Greta Gerwig ser uma das diretoras mais promissoras na atualidade.
9/10.