
Reprodução: CW
Aviso: Crítica sem spoilers!
Superman & Lois se prova ser a melhor série de heróis atualmente.
Ver a CW continuar a fazer séries da DC, é um pesadelo para os fãs. Mas, há momentos em que todos precisam dar exceções, como é o caso de Superman & Lois. Muito criticada ao ser anunciada, a série acabou calando a boca de muitos, e vem fazendo seu papel como um bom drama heroico, diferentemente de Supergirl, seriado que o originou.
A segunda temporada de Superman & Lois começa meses após o confronto entre Superman (Tyler Hoechlin) e Tal-Rho (Adam Rayner). Mais do que nunca, o super-herói está zelando pela paz e justiça no mundo, chegando a contrariar parte do exército e do próprio governo americano. Para Kal-El, todas as vidas precisam ser salvar, mesmo que sejam seus inimigos. De algum jeito, há sempre uma maneira de fazer o bem, o que acaba tornando o Homem de Aço em um homem de muitos valores. É claro que nem todos concordam com sua posição, e isso deixa um grande atrito entre líderes mundiais e o herói.

Logo no começo do primeiro episódio, temos Natalie (Tayler Buck), filha de John Henry Irons (Wolé Parks), chegando à Terra. É uma trama interessante que iria começar a se desenrolar a partir dos episódios seguintes, e fora muito bem explorada em toda a temporada. O principal ponto é a junção de uma temporada e outra em uma questão de minutos dentro da série, mas que permite um salto temporal de meses, posteriormente. Além disso, incluir uma nova personagem já apresentada, permite desenvolver a redenção de Irons como Aço – e como um herói.
Todd Helbing, showrunner da série, coloca em prática, e com facilidade, sua sabedoria como um leitor de quadrinhos. Não há, de forma alguma, dificuldade em saber aguardar cada passo e desenvolvê-los de forma eficaz. São 15 episódios – poderiam ser 13, como Stargirl -, bem escritos e dirigidos, de modo geral. Os roteiristas não se deixam levar pelo melodrama ridículo que outras séries do Arrowverse propõem, mas utilizam de uma forte carga dramática para abordar a dificuldade de cada realidade. Uma delas é a de Jordan Kent (Alexander Garfin), que possui mais baixos do que altos neste segundo ano, e acabou se arrastando em sua subtrama. Diferentemente dele, seu irmão, Jonathan (Jordan Elsass), conseguiu se destacar, mas acabou ficando de lado na reta final.
O eixo principal, no entanto, ainda é Lois Lane (Elizabeth Tulloch). Mesmo que a série tenha Superman no nome – é claro que há muito foco nele -, Lois é o maior destaque. Novamente, a trama da jornalista é a mais clara e toma grandes proporções, bem como foi na primeira temporada. Obviamente, os escritores não deixam seu herói titular de lado, mas acabam fazendo com que em alguns momentos, ele seja ofuscado por Lois – ou mesmo o vilão. Dessa vez, Bizarro foi a grande escolha da temporada, em sua primeira parte antes da mid season. Foi uma decisão correta em trazer o Bizarro e apresentar a melhor versão do personagem em live-action, mas que acabou sendo substituído pela irritante Ally Alston (Rya Kihlstedt).
É importante, ainda, ressaltar a qualidade crescente nos atores principais. De longe, a série, que claro, além de ter um roteiro coerente e competente, é sustentada pela atuação de Hoechlin e Tulloch. Ambos conseguem trabalhar de forma natural, entregando sua vida aos personagens. O elenco de apoio, também, é bom, principalmente quando colocam Parks como Irons e Samuel Lane de Dylan Walsh.
Mantendo a qualidade da primeira temporada, os efeitos especiais continuam ótimos, e até melhores. Há toda uma preocupação e carinho com a produção da série, que visivelmente se esforça para entregar um conteúdo com qualidade. Além disso, a fotografia de Stephen Maier e trilha sonora de Dan Romer merecem ganhar sempre um destaque. A música consegue captar a essência que o Superman tem de passar, bem nos momentos mais oportunos, e funciona como uma ponte para construir a personalidade do personagem titular. Não é nenhum exagero dizer que Superman & Lois tem a melhor composição entre as séries de heróis.
Em suma, Superman & Lois continua brilhando e indo longe, e claro, tem muito chão pela frente. Mesmo que as tantas pausas da CW quebrem o ritmo e faça o espectador perder a vontade de voltar a ver – isso não pode acontecer na terceira temporada -, a série se mantém no topo como a melhor produção de heróis na TV em 2022 – ao lado de Pacificador e The Boys.
Veredito
A segunda temporada de Superman & Lois molda muito bem um personagem deixado de lado nos cinemas, mas que encontrou seu lar na TV. Com atuações sólidas e um roteiro coerente, a direção segura ao longo dos episódios, dos variados diretores, continua um desenvolvimento significativo de um drama familiar que nem parece uma série de heróis. No entanto, o show precisa mudar sua abordagem no terceiro ano, para que não se torne repetitivo.
9/10.