
TEXAS CHAINSAW MASSACRE Cr. Yana Blajeva / ©2021 Legendary, Courtesy of Netflix
Aviso: Crítica sem spoilers!
Sequência peca em copiar tanto Halloween (2018).
Os últimos anos estão sendo maravilhosos para os fãs de slasher. O subgênero que cresceu muito após John Carpenter lançar Halloween em 1978, teve um desgaste no final dos anos 80, voltou a crescer no meio nos anos 90 com Pânico e agora está dominando o terror novamente. Com franquias sendo revitalizadas sem mudar o original, como Halloween e Pânico no cinema, e Evil Dead com um novo filme agora na HBO Max para ser lançado, foi a vez de O Massacre da Serra Elétrica ser revivido. A franquia contestada pelos fãs por sequências absurdas e reboots que não fazem jus ao filme de 1974, tem uma nova chance na Netflix, retornando com Leatherface em um ano em que a tecnologia domina.
A história de O Massacre da Serra Elétrica: O Retorno de Leatherface se passa 50 anos após o evento do primeiro filme, que viu Sally Hardesty escapar. Na sequência direta do original, Leatherface é uma lenda que se tornou alvo de documentários e histórias, mais reais do que qualquer um possa imaginar. Com este sucesso do vilão nos EUA, ele nunca foi encontrado e rodou o Texas em busca de “paz”. A trama remete ao original, com um grupo de jovens rumando a uma cidade pacata do Texas, em busca de investidores para a pequeníssima cidade – no original são jovens que saem para uma diversão. Porém, o curioso é eles justamente darem de cara com o assassino – sem sua máscara – nos primeiros minutos, em um orfanato abandonado.
Sem nenhuma profundidade por parte os personagens primeiramente apresentados, o roteiro beira ao comparativo com Halloween (2018). É uma cópia descarada do filme produzido pela Blumhouse, e que deu muito certo. Temos todo o pacote que Halloween teve, ignorando suas sequências, o retorno de sua protagonista do filme original e um antagonista mais velho e sumido do mapa. Há um embasamento direto ao clássico, mas que parecem imprecisos e desnecessários, e estão apenas para tentar agradar os fãs do filme de 1974. Como o quinto filme do Pânico fez, O Massacre da Serra Elétrica tentou emular, trazendo jovens para a franquia, mas que são personagens sem um desenvolvimento competente. No entanto, o destaque fica para Lila, personagem de Elsie Fisher, que apesar de parecer muitas vezes insegura, possui uma história de apoio bem explorada pelo roteirista Chris Thomas Devlin.
O elenco não possui grandes estrelas, com a Netflix buscando jovens e tentando renovar uma franquia sem energia. Os destaques sempre rodam para Fisher e também Sarah Yarkin, que interpreta Melody, irmã de Lila. O antagonista, neste filme, tem uma motivação para matar, e que chega a ser até justa, pelo fato dele querer paz e viver sem que volte a ser quem era. Leatherface é um personagem clássico que precisa ser tão maior quanto Michael Myers, em sua quantidade de mortes ou brutalidade. Facilmente, podemos elencar que Leatherface e Myers são os melhores serial killers para usarem qualquer tipo de arma branca ou ferramenta como arma. Neste filme, ele está mais brutal, porém, pesado, e não parece ter tanta mobilidade quanto Myers ganhou com o passar dos anos – o que é assustador. Não há dúvidas de que a sequência produzida pela Netflix, entregou aos fãs um Leatherface um tanto mais coerente e capaz de fazer absurdos, mas não recorrente ao gore fútil de O Massacre da Serra Elétrica 3D (2013).
Se O Massacre da Serra Elétrica: O Retorno de Leatherface sabe fazer, é as cenas de mortes e a ótima, repito, ótima fotografia, dando um ar de descrença em um lugar que parece viver no velho oeste. Ricardo Diaz, o diretor de fotografia do filme, retorna aos melhores anos da franquia, usando o calor escaldante do Texas e fortes cores. Não apenas isso, mas o clima soturno lembrando até mesmo Sexta-Feira 13, em meio a chuva torrencial, destacando seu principal personagem como uma sombra em alguns cortes. O design de produção, em suma, é tão bom, que não torna o filme todo em um desastre completo, por seu roteiro raso e sem subtramas boas. Nem mesmo o retorno de Sally (Olwen Fouéré) foi satisfatório, no entanto, a relação da final girl com o antagonista, em si, foi. Mesmo que não fosse o foco desta revitalização um retorno da protagonista do original, o roteiro de Devlin deveria tratá-lo com mais carinho, mas pisa em ovos para tornar a personagem em uma Laurie Strode sem grife.
Era esperado um bom filme, fazendo jus ao original, já que o produtor e diretor de O Homem nas Trevas, Fede Alvarez, esteve envolvido fortemente na produção. Seu currículo conta com A Morte do Demônio de 2013, um ótimo reboot para a franquia. Tanto o roteiro incoerente de Devlin, quanto a direção insegura de David Blue Garcia, fazem da sequência tão aguardada, um desastre do terror slasher, sem trazer viável emoção ou profundidade. O Massacre da Serra Elétrica da Netflix tem um desenvolvimento pífio, para uma franquia desgastante e que poderá, ainda mais, render algumas sequências pelo streaming.
Veredito
Desastroso com sua história, O Massacre da Serra Elétrica: O Retorno de Leatherface não consegue revitalizar sua franquia, sendo uma sequência direta do filme original. Com cenas de morte destaque, o slasher é desleixado, sem possuir um roteiro competente capaz de desenvolver habilmente seus personagens. No entanto, o filme possui pontos positivos como suas cenas de ação, com Leatherface mostrando sua brutalidade, e a fotografia calorosa do Texas. A Netflix não consegue trazer um retorno efetivo do vilão para os filmes, que é uma cópia descarada de Halloween e tenta nadar junto ao sucesso da energizada franquia da Blumhouse/Universal.
5/10.