
Reprodução: Warner
Aviso: Crítica sem spoilers!
“Um reverendo, certa vez, me disse: “Quando as coisas forem perigosas demais para dizer… cante.”
Baz Luhrmann é um diretor conhecido por seus exageros em seu estilo de direção e nem sempre agradou todo mundo. Entretanto, sempre admirei como ele consegue colocar sua identidade em seus longas.
Atualmente, os filmes biográficos de astros da música entraram no radar de Hollywood. Após o grande sucesso de bilheteria de Bohemian Rhapsody, isso incentivou a indústria produzir várias cinebiografias de cantores. Não demorou muito para a Warner anunciar sua própria cinebiografia de Elvis Presley, dirigida por Luhrmann.
Enfim chegamos a tão esperada cinebiografia de Elvis Presley. Luhrmann conseguiu colocar sua identidade em seu novo filme, mas vamos ser sinceros o “Elvis, de Baz Luhrmann” não é uma biografia qualquer e sim uma linda carta de amor ao Rock e ao Elvis. O diretor não tem medo de transformar seu longa em um grande espetáculo musical, usando elementos de fantasia a seu favor como instrumento narrativo.
A música é uma modalidade que desenvolve a mente humana, e pensando assim, o cineasta nos traz uma trilha sonora espetacular. Ela consegue captar um ar de equilíbrio entre a modernidade e o antigo nas músicas do Elvis. A direção de Luhrmann é um show, e ele está totalmente inspirado. Até o momento, o diretor entregou seu melhor filme em toda sua cinematografia.
O que falar da parte técnica do longa? A montagem é visceral e lúdica, que é a marca registrada do diretor. A direção de arte é perfeita e capta muito bem a essência de loucura que Luhrmann quer mostrar, e o figurino é cheio de cor e alma.
Todos os atores estão ótimos, mas o que Austin Butler e Tom Hanks fazem nesse filme não é brincadeira; ambos estão em outro patamar. Quando falei que as obras de Baz Luhrmann são marcadas pelo seus exageros bem, essa marca é bem clara ao personagem do Tom Hanks (Coronel Tom Parker), que parece um vilão retirado de uma história em quadrinhos e que carrega um sotaque extremamente forte que pode causar um estranhamento entre o público. Mas, o cineasta consegue fazer isso sem parecer tosco e Tom Hanks entrega uma atuação forte.
Mas, o maior destaque do filme é Austin Butler, porque ele não tenta fazer uma imitação barata do astro. Austin simplesmente encarna Elvis Presley e você sente a presença mística que rodava a figura do cantor, e Luhrmann sabe muito disso. Então, ele filma as pessoas reagindo a figura divina que Elvis representava e essa aura era tão poderosa que o público não estava vendo em Elvis, mas sim um verdadeiro super-herói entrando no palco.
A relação entre empresário e astro é levada em um nível que vemos o Coronel Tom Parker afundar a vida pessoal de Elvis e destruir seu casamento com a Priscilla Presley (Olivia DeJonge), e sempre usando os remédios à seu favor para controlar a carreira de Elvis.
Luhrmann assina o roteiro ao lado dos seus dois maiores colaboradores de longa data (Craig Pearce e Sam Bromell) e um novo colaborador (Jeremy Doner, de The Killing). Eles podiam ter ido ao caminho mais fácil para abordar a vida de Elvis de uma maneira superficial, mas não, é um roteiro com várias facetas ao abordar como a cultura afro-americana modelou o Elvis que nos conhecemos.
O longa tem críticas ferrenhas de como os Estados Unidos tem ignorado a música afro-americana. A obra sabe muito bem usar sua duração, entretanto se torna cansativo em algumas partes, mas consegue recuperar o fôlego durante a jornada.
Em várias cinebiografias de astros da música, sempre temos sua ascensão à fama e a queda, mas a gente está falando de um filme do Baz Luhrmann. Aqui, o diretor faz sua verdadeira tragédia grega com o Elvis Presley usando jogadas de câmera para demonstrar a gloriosa Las Vegas.
Veredito
Isso é “Elvis, De Baz Luhrmann”, um filme que não tem medo de ser cartunesco e fantasioso muito além de uma biografia, e sim, uma história de um homem que levou sua voz em vários horizontes.
9,5/10.