
Reprodução: HBO Max
Aviso: Crítica sem spoilers!
Um final decente para uma temporada com altos e baixos.
A terceira temporada de Titãs chegou ao fim na quinta-feira (21), com ‘Purple Rain’ sendo o último episódio. Com o investimento da HBO Max, após a dissolução do DC Universe, transformado apenas em uma plataforma de quadrinhos, o show mais complicado do DCTV teve a chance de se redimir. Não de uma forma que possa agradar a todos, a série está dando passos curtos, para que toda uma construção melhor, com um desenvolvimento mais coerente, seja feito. E, apesar de percalços e erros ao longo do novo ano, Titãs conseguiu o que almejava há um bom tempo.
Na nova temporada, a equipe liderada por Dick Grayson/Asa Noturna (Brenton Thwaites) se encontra em menor escala, após a morte de Donna Troy (Conor Leslie), e com a saída de Ravena (Teagan Croft) para Themyscira. Não bastasse isso, Hank (Alan Ritchson), não atua mais como Rapina, agora vivendo como um policial. A equipe está desfalcada, com apenas Asa Noturna, Estelar (Anna Diop), Superboy (Joshua Orpin), Mutano (Ryan Potter) e Krypto. Ainda em São Francisco, a casa dos Titãs, o time está lutando contra o crime diariamente, e sendo ovacionados pela população local. Porém, tudo muda após o Coringa matar o Robin/Jason Todd (Curran Walters), forçando Grayson a ir para Gotham, consolar Bruce (Iain Glen).
A profundidade dramática imposta pelos roteiristas, consegue ser melhor que em temporadas anteriores, tendo um melhor desenvolvimento sobre isso. Não é exagerado, e realmente, há um grande acerto nesta questão. Os 13 episódios não conseguem manter o mesmo ritmo, e há altos e baixos, com muitas pedras no caminho. Mesmo que tenha apenas uma trama, o roteiro, às vezes, se desvia do proposto e foca mais em um personagem, deixando outros um pouco deslocados da história. Entretanto, apesar de alguns personagens estarem um pouco fora da curva como Mutano e Superboy – que teve um início ótimo, mas uma péssima conclusão -, as irmãs Estelar e Estrela Negra (Damaris Lewis) foram as que brilharam durante a temporada. O arco que se estendeu por quase 10 episódios, prepara terreno para a quarta temporada, na esperança de que Estrela Negra se consagre uma vilã, o que muitos fãs aguardam.
Se por sua vez, o arco das irmã tamaranianas foi interessante, a história de Dick e Barbara Gordon (Savannah Welch) não ficou tão atrás. Os personagens tiveram uma boa dinâmica em toda a terceira temporada, e não seria nenhuma surpresa se víssemos Welch como Comissária Gordon mais uma vez. Houve um ótimo desenvolvimento por parte dos dois personagens, principalmente em Barbara, que, apesar de não ter um passado glorioso, desempenhou um papel muito importante na temporada. Bem como, o arco do Capuz Vermelho em todo o decorrer da série, que foi o foco na primeira metade da temporada, o maior ponto positivo para uma história de vilão. Mas, entre tantos pontos positivos, há também negativos. Se Titãs acerta na personalidade dos heróis, erra em criar uma nova visão para o Espantalho (Vincent Kartheiser). O vilão mais temido de Gotham atualmente, sendo na série e nos quadrinhos, não teve uma boa construção, e soube se comportar mais como Charada do que Espantalho. De um episódio para o outro, cada roteirista possuía uma abordagem para o inimigo do Batman, o deixando bem regrado em um, e em outro, com um péssimo desenvolvimento – o que decepcionou. E isso cabe também para Bruce Wayne que em poucos momentos, foi memorável e um personagem bom. Até parece que boa parte da equipe criativa não gosta de trabalhar com estas duas importantes figuras. Um outro erro está em começar arcos e não os finalizar de forma coerente para a história, esquecendo que um personagem existe, mesmo trabalhando com ele por dois ou três episódios.
O elenco está em seu ápice, e tão agradável quanto em temporadas anteriores. Eles estão extremamente à vontade em fazer parte do show. Os destaques, novamente, ficam para Brenton Thwaites, Anna Diop e Conor Leslie, que retorna como Moça Maravilha, mesmo que em um momento tardio da série – um ponto negativo da temporada. Porém, uma agradável surpresa fica para Curran Walters como Capuz Vermelho, e para Jay Lycurgo, intérprete de Tim Drake. Sem contar em Savannah Welch na pele de Barbara Gordon, um acerto perfeito dos produtores.
Em aspectos técnicos, passar para a produção da HBO Max, deixou Titãs com um orçamento maior. A série, que usa bastante o CGI, ficou ainda melhor nesta nova temporada, apesar de nada perfeito. E novamente, a coreografia das lutas são o ponto forte aqui, e ainda mais quando colocamos as cenas de ação protagonizadas por Asa Noturna e Capuz Vermelho. Os roteiristas conseguiram ampliar ainda mais o uso de gadgets entre os dois personagens, com uma melhor apresentação de Grayson com os bastões de escrima. A fotografia de Boris Mojsovski é mais um ponto positivo, e diminui toda a escuridão que víamos na primeira temporada, melhorando juntamente à ambientação do show, que agora está situado em Gotham City e com cenas em Themyscira.
Por fim, Titãs não apenas se redime da season finale terrível da segunda temporada, como também, está apresentando uma melhora em algumas poucas questões. Apesar do roteiro não conseguir manter a qualidade em toda a temporada, e exagerar além da conta em um plano mirabolante na reta final, o novo ano, de certa forma, não comete o deslize de um drama novela e pende mais para a ação, na tentativa de achar o tom certo para o programa. Quem sabe uma mudança na equipe criativa, melhore em deixar toda uma temporada sólida.
Veredito
Mesmo que não seja brilhante em seu roteiro, a terceira temporada de Titãs conserta os erros de suas anteriores. Com um elenco sólido e boas surpresas entre alguns atores, a série soube desenvolver seus personagens, sem que colocassem em massa, sem um desenvolvimento apropriado. Cometendo alguns deslizes em personagens como Espantalho e Bruce Wayne, além de jogar para escanteio dois personagens atrelados ao arco do Capuz Vermelho, o novo ano cria subtramas boas, para uma série que buscava redenção. Há muito o que melhorar, e caminhando em passos curtos, Titãs pode finalmente brilhar e encontrar consistência.
7,5/10.