Aviso: Crítica sem spoilers!
O Viking espacial busca seu propósito no amor.
Histórias são uma parte essencial da forma que idealizamos a sociedade, o momento de contar algum acontecimento rotineiro ou até detalhar antigas tradições, Thor: Amor & Trovão compõe a narrativa através do ato de contar para demonstrar: “uma clássica aventura do Thor” cujo até é ate uma citação recorrente do filme.
Se no antecessor, Thor: Ragnarok (2017), Taika Waititi utilizou os maneirismos cômicos para fazer uma “sitcom” espacial com emulação ao filme de herói sem peso e muito plástica, nesse caso ele traz o aspecto seriealizado ao introduzir Korg (Taika Waititi) como contador dessa história e o drama cujo fez tanta falta no filme anterior.

Ao estar com o grupo dos Guardiões da Galáxia, a abertura do longa é rápida avançando de forma objetivo para nos apresentar a ameaça, Gorr, Carniceiro dos deuses (Christian Bale) e a trama de Jane Foster, os motivos e explicações para ela se tornar a Poderosa Thor.
Se a agilidade da montagem em ser rápida e instantânea em deixar todos os núcleos unidos nos 20 minutos iniciais através de cortes e transições que manipulam o ambiente e exageradas narrações dos personagens com “flashback” e pequenos contos, faltaram elementos corroborativos para justificar esses encontros, idas e vindas, toda decisão no longa carece de consequência e funcionalidade, não temos um temor pela vida dos protagonistas da obra, pois, sempre existe hesitação em levar ao extremo, as metas a serem realizadas ocorrem sempre repentinamente.
Em dado momento da história, tudo parece estar nitidamente se afunilando para um grande confronto, ao perceber isso, gradativamente é inserido um caráter dramático de Jane Foster, o que torna mais crível as situações, entretanto, desesperado como o ritmo atropela aspectos tão importantes como o sentimental da história em prol do dinamismo cômico.

Se tudo é diversão, e o peso dos acontecimentos não é tão crível, é coerente cobrar um comprometimento da direção com o visual, mas a falha em não conseguir moldar os efeitos especiais com cenários apoteóticos tornam inúmeras sequências plásticas e nitidamente falsas aos olhos, mesmo em um filme cujo irreal é seu empenho.
No clímax, o filme recobra sua própria consciência do gênero e aposta todas as fichas em humor pueril e escrachado com inúmeras sequências lúdicas e mais um compilado se embates desproporcionais em escala contra o vilão do filme, mas ao compreender a importância de Gorr, traz uma solução para o enredo muito coerente com o apresentado, se tivemos uma história sobre histórias, por que não ser uma história sobre o amor? O amor é a capacidade de ignorar as dores e os dramas e mergulhar na diversão do horizonte, e isso é Thor: Amor e Trovão.
Thor estava em busca de significado, o sentido de sua vida é relatado ao público através do que se vê, mas todos os personagens faltavam algo, Gorr tinha a falta de sua filha, Jane Foster a ambição por sua plenitude, Valquíria a falta de um propósito e até o Korg sentia o desejo de outra história para contar. O Amor no final é o que une tudo em uma solução através de um embate de significados entre o herói e o vilão, e quem vence no desfecho é o sentimento que carecia durante o filme.
Veredito
Thor: Amor e Trovão valoriza seu subtítulo através de uma história contida e rápida com muita comédia e pouca relevância dramática.
Taika Waititi arrisca o fantasioso em um cinema de realismo, e mesmo com uma amarga execução, tem um desfecho simbólico como significado, em tempos difíceis, o que nos resta é o amor.
6,5/10