Aviso: Crítica sem spoilers!
Série mantém boa performance em subtramas, mas tem final que irrita.
A série Sex Education sempre foi uma das grandes surpresas da Netflix desde sua primeira temporada, unindo a comédia com temas importantes e maduros. No entanto, embora tenha assuntos (em sua maioria sexuais) importantes a tratar, essa questão pareceu um tanto atropelada na quarta e última temporada do seriado.
Com o fim do colégio Moordale, onde tudo começou, Otis (Asa Butterfield) e seus colegas se mudam para a escola Cavendish, uma instituição totalmente diferente. Eles precisam se enturmar, o que não será tão difícil, mas, também, se adequar às novas regras, o que já será um trabalho mais complicado. Ao mesmo tempo que Otis tenta manter seu relacionamento com Maeve (Emma Mackey), agora nos Estados Unidos, ele deseja refazer sua clínica para atender quem precisa sobre a vida sexual, mas tem a missão de derrubar uma terapeuta mais famosa que ele no colégio.
Novamente, os espectadores são os fantoches dos roteiristas, que mais brincam com os sentimentos do que deixam um olhar de felicidade. Embora o enredo principal seja bom, juntamente de subtramas conclusivas como a de Adam (Connor Swindells) e Aimee (Aimee Lou Wood), a história em torno para criar o conteúdo, é cansativa. Não foi montada às pressas, mas, sim, estruturada como uma temporada que difere da personalidade da série.
A fórmula muda, e muda completamente, dando mais cores aos personagens, mais sentido e liberdade. À medida que amadurece, também entristece com temáticas sensíveis do cotidiano, como o abuso sexual infantil, bullying na infância ou a morte de um ente querido. Por ser o último ano, os escritores tentaram aproximar o seriado de uma realidade, afim de fazer com que o espectador esteja ciente do que é certo e o que é errado, seja na série ou na vida real.
O elenco voltou com tudo, isso é nítido. Butterfield e Mackey brilham novamente, mas veem Lou Wood e Swindells ainda melhores, visto que a história de Adam e Aimee são mais profundas. Uma outra subtrama que melhora é de Jean (Gillian Anderson), a mãe de Otis, que volta a ter uma dinâmica com outros personagens. Porém, a quarta temporada erra em tornar mãe e filho “inimigos” muitas vezes, com a dinâmica entre os dois não sendo tão memoráveis quanto em temporadas anteriores. O uso excessivo do drama incomoda, não trazendo à tona a comédia que deveria estar presente na história.
De todos os personagens novos na quarta temporada, nenhum consegue ser incisivo e estar integrado à série. Mesmo que Eric (Ncut Gatwa) tenha feito amigos novos e suas características sejam semelhantes, não foi o suficiente para fazer o público se apegar aos estudantes de Cavendish. A subtrama que acompanha Cal (Dua Saleh) também é irritante, fazendo com que a série perca tempo em uma história sem fundo, deixando de lado outros pontos mais importantes, como de Ruby (Mimi Keene) e Otis. Ruby, aliás, poderia ser melhor explorada, embora sua história background tenha sido satisfatória.
Um ponto muito positivo é a trilha sonora, que marca nas cenas mais importantes, seja um enterro ou algum momento para dar risada.
Sex Education termina de um jeito frustrante, que decepciona os fãs que tanto acompanharam a série ao longo desses quatro anos. Mesmo que tenha tido bons momentos, a quarta temporada escorrega em focar nos personagens novos e querer apressar um final coerente para os protagonistas no último episódio.
Veredito
A quarta temporada de Sex Education traz um bom elenco e arcos importantes, mas peca em seu final e ao tentar introduzir novos personagens, que são completamente desinteressantes. Apesar de abordar temas importantes e trazer um pouco de comédia, a série termina de forma como todas as outras temporadas: frustrante.
7/10.
+ There are no comments
Add yours