Crítica: Sex Education (3ª temporada)

Aviso: Crítica sem spoilers!


Nova temporada aprofunda seus personagens em uma trama emocional.


Tendo sido lançada ainda em 2019, Sex Education se tornou uma sensação na Netflix, ganhando uma segunda temporada no começo de 2020. Com o início da pandemia, o streaming viu dificuldades para a produção da terceira temporada, adiando a estreia em mais de um ano. Mas, ainda ontem (17), o terceiro ano chegou, e finalmente, aliviou cada fã da série, para saber sobre o próximo passo de Otis (Asa Butterfield) e Maeve (Emma Mackey). Construindo mais uma história, com personagens inéditos, Sex Education prova que a terceira temporada é a melhor até agora.

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Se passando dois meses após o fim do segundo ano, e aquele fatídico dia em que Isaac (George Robinson) excluiu o correio de voz de Otis para Maeve, o colégio de Moordale está de cara nova. Alguns alunos entraram, assim como a nova diretora, Hope (Jemima Kirke), ex-estudante da escola. As férias acabaram, e os alunos voltam para a denominada “Escola do Sexo” – a mídia está por trás do apelido. Sob o novo comando, tirando Peter Groff (Alistair Petrie) da diretoria, Hope tenta passar seu ar de “boa pessoa”, mas está prestes a mudar toda a rotina da escola. A postura rígida, segundo ela, traria uma boa visão dos investidores e outros pais para Moordale.

O enredo principal pode ser resumido em poucas palavras: Maeve e Otis ainda se amam, e tentam consertar uma amizade quase perdida, enquanto a escola passa por mudanças que não agradam ninguém. A história de cada personagem é mais aprofundada no terceiro ano, e não destaca apenas Otis e Maeve, mas também dá mais tempo para o desenvolvimento de Eric (Ncuti Gatwa) com Adam (Connor Swindells), além de Jean Milburn (Gillian Anderson) e Jakob (Mikael Persbrandt), que precisam deixar o passado no passado, por conta da gravidez da mãe de Otis. São personagens chave para a história, que ainda aprofunda na individualidade de Ruby (Mimi Keene), a garota popular da escola, Sr. Groff, o ex-diretor que busca ser feliz, além de Aimee (Aimee Lou Wood), que tenta superar o assédio sofrido no segundo ano. Há, também, um espaço para uma história background de Cal (Dua Saleh), uma pessoa não-binária (não se identifica com nenhum gênero), que entrelaça uma grande amizade com Jackson (Kedar Williams-Stirling).

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A fórmula continua a mesma, com algumas mudanças. A história carrega um peso emocional, de adolescentes que estão confusos com seu próximo passo. A criadora Laurie Nunn, conseguiu transitar facilmente as cenas, denotando cada luta dos personagens. São diversos destaques que merecem atenção do espectador, como o passado de Lily (Tanya Reynolds) e Ola (Patricia Allison) sendo explorados, para firmarem seu relacionamento. O desenvolvimento de todos os personagens é muito agradável, mas parece ter dando a sensação de que faltou algo na relação entre Maeve e Otis. O foco do novo ano não era desenvolvê-los mais uma vez em uma dupla, e continuar arrastando a amizade-amorosa, pois bons amigos não devem se relacionar seriamente – uma sequência com Maeve explica este assunto. A temporada quis mostrar, o quão perigoso pode ser a desinformação sobre o assunto de sexo entre os adolescentes, e como eles devem aprender e não retroceder. 

O roteiro mais lento, tenta explorar cada detalhe e dar mais complexidade à série britânica, abordando questões sexuais, relacionamentos difíceis, amigos que se tornaram distantes e desilusões amorosas. Mesmo que os oito episódios pareçam demorar a passar, e o espectador fique quase um dia todo assistindo, não há nenhuma voz em sua mente para dizer “pare”. A cada episódio – todos com duração maior que 50 minutos – que o espectador assiste, ele quer saber sobre o próximo passo. É uma ansiedade de descobrir o que vai acontecer, especialmente com Otis e Maeve. Há cenas engraçadas para dar uma amenizada, em uma história um pouco mais profunda do que seus anos anteriores. 

Mesmo colocando um pouco de lado a relação de Otis e Maeve, a terceira temporada de Sex Education prova ser a mais bem construída até então. Usando de diversos momentos, para imergir o público em uma trama divertida e emocional, o show amadurece a cada temporada, e mostra que nem tudo é resumido a sexo, e sim, aos pequenos detalhes – o amor e a amizade, digamos.

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Veredito

Sex Education entrega o que promete e ainda mais, mas sua terceira temporada deixa um sentimento de tristeza/ou gosto amargo em seu episódio final. O elenco extraordinário e o roteiro mais profundo, entrando na psique dos personagens, torna o novo ano, mais emocionante, e não apenas uma série de adolescente tentando viver no mundo real. Do jeito que o terceiro ano finaliza, abre potencial para uma quarta temporada, e também para fechar o ciclo de amor entre Otis e Maeve. Esperamos que o brilhantismo continue por mais uma temporada, e que explore cada vez mais os personagens que tanto gostamos. Há muita diversão, em uma série cheia de coração.

10/10.

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Gabriel Rodrigues Silveira http://critical-room.com/

Navego pelas águas misteriosas deste belo mundo do cinema, e procuro estabelecer todo o conteúdo possível, e mostrar os gostos de um jovem jornalista aspirante a cinéfilo. Mas, se perder a confiança em mim, confie nos outros integrantes do site.

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