
Reprodução: Netflix
Aviso: Crítica sem spoilers!
Um exemplo de adaptação que mantém a essência da obra original.
Um projeto dos sonhos de Neil Gaiman, Sandman finalmente saiu do papel, e como uma série para a Netflix. Depois de décadas tentando, com projetos sendo engavetados, o autor está envolvido em uma produção fantástica, que se torna uma das melhores adaptações de quadrinhos da história para alguma mídia.
Gaiman assina o roteiro ao lado de David S. Goyer (Cavaleiro das Trevas) e Allan Heinberg (Mulher-Maravilha). Com um trio desses, a gente não espera de menos. O roteiro é muito bem escrito a presença de Gaiman no projeto faz o script da série ser extremamente fiel aos quadrinhos. Mas, claro, o show têm suas diferenças com o material original, entretanto essas diferenças são bem-vindas pois estamos falando de uma adaptação.
Adaptar uma obra para tela não é apenas copiar uma página inteira e depois colocar na tela, ou simplesmente copia e cola de uma linha de diálogo. Adaptação é manter a essência da obra, e isso a série faz com perfeição, e ela mantém a essência original de Sandman.
A escolha do elenco foi feita com extrema maestria todos atores estão excelentes em seus papéis ninguém está fazendo corpo mole. Gaiman soube muito bem escolher seu elenco e principalmente soube escolher seu protagonista. Tom Sturridge fez um estudo de personagem excelente, Ele passa uma vibe inacreditável de Morpheus em Sandman que você consegue ser convencido facilmente com uma atuação tão confiante do ator.
Todos os 10 episódios possuem uma ótima direção, tirando algumas partes que poderiam ser melhor trabalhadas. É absurdo como a série consegue usar tão bem o cliffhanger. O ritmo da série é tão bom que faz o telespectador assistir os episódios sem parar.
Fora a boa história e o elenco qualificados, trazendo nomes como Jenna Coleman, David Thewlis e Gwendoline Christie é esplêndido, com trabalhos espetaculares. No entanto, o maior ponto positivo da série está na fotografia de Will Baldy e Sam Heasman, mostrando que Sandman é um personagem soturno tanto quanto qualquer outro. Há uma mistura de cores em momentos felizes e radiantes, quando o visual é para ser denotado, e há algo mais cinza e escuro quando as trevas emergem.
Além disso, a trilha sonora do segundo compositor de Batman: Arkham Knight, David Buckley, cai como uma luva na série, e não poderia haver um tema melhor. Não é exagero algum dizer que Sandman possui uma das melhores faixas sonoras do ano nas séries, pela competência e criatividade de Buckley. Há alguns momentos que chega a lembrar suas composições para o jogo da saga Arkham.
Por fim, está claro que Sandman é o projeto dos sonhos de Gaiman e dos maiores fãs dos quadrinhos – que possuem mentes abertas. A adaptação segue trilhando os quadrinhos em diversos arcos, com cada episódio representando um arco narrativo das HQs, e sabendo lidar com eles de forma competente e agradável.
Crítica conjunta com Gabriel Rodrigues Silveira.
Veredito
Sandman é a série que melhor adaptou algum quadrinho da DC até o momento – e da história -, bem como Stargirl conseguiu fazê-lo: com fidelidade. Obviamente, abre espaços para trazer coisas novas que não estão nos quadrinhos, mas, também, traz Neil Gaiman junto de dois roteiristas inspirados para a criação de um show atraente e convidativo. Com um elenco ótimo, a série da Netflix tem um futuro promissor, deixando uma história preparada para a segunda temporada.
9,5/10.