
Reprodução: Marvel Studios
Aviso: Crítica sem spoilers!
“Só as pessoas mais feridas podem ser grandes líderes.”
A perda de uma pessoa importante na sua vida sempre será uma ferida semiaberta, mesmo que ela esteja fechada há anos, a qualquer momento ela vai abrir novamente. Após isso surge aquele dilema “como posso seguir em frente sem essa pessoa ao meu lado?”. É esse dilema que cerca Pantera Negra: Wakanda Para Sempre.
A morte precoce de Chadwick Boseman deixou um buraco enorme de tristeza nos corações dos seus fãs ao redor do mundo, e principalmente no Ryan Coogler que era amigo próximo do ator. Boseman pode ter nos deixado, mas deixou um legado como Pantera Negra. Coogler pega seu luto e transforma em uma homenagem ao seu amigo tão querido.
Esse é um longa que carrega uma aura forte de emoção, não tem como segurar as lágrimas no começo, uma hora ou outra você se rende e entra na imersão junto com os personagens.
O cineasta constróí sua história como um retrato de duas nações tentando defender o futuro do seu povo contra um estrangeiro. Isso enriquece seu núcleo geopolítico que está bastante presente no seu primeiro ato, uma das suas críticas que é presente durante toda sua trajetória é “o que aconteceria se um material tão poderoso caísse em mãos de um país sem nenhuma responsabilidade?”. É um assunto que nos faz pensar, como um ser humano não consegue criar um vínculo com outro lado, quer provar a qualquer custo o como é superior perante a todos?
E eram essas críticas que fazia seu antecessor ser tão rico em detalhes e ser um dos poucos filmes da história da Marvel Studios a ter coragem de abordar esses temas sem ficar no superficial.
Tivemos um avanço dos efeitos especiais comparado ao primeiro, apesar disso existem cenas que fica escancarado que faltou tempo para finalizar os efeitos. Mas outro grande avanço que o longa entregou é sua trilha sonora que está incrível, é facilmente uma das trilhas sonoras da Marvel Studios com mais personalidade, é uma trilha bonita, cultural e consegue tocar no coração de qualquer pessoa. Um excelente trabalho de Ludwing Göransson.
Além de tudo tivemos uma entrega de corpo e alma nas performances do elenco, Angela Basett tem uma atuação simplesmente de arrepiar. Letitia Wright não fica atrás, entregando até o momento sua melhor Shuri. E o que falar do Tenoch Huerta como Namor? É uma atuação forte e sólida. Quando o Namor entra em cena você consegue sentir a presença do personagem.
Namor é um exemplo perfeito de adaptação porque sua nova abordagem era o que o personagem precisava para torná-lo relevante novamente, tudo que envolve seu núcleo é sensacional. Trazer a cultura maia para o Namor foi um grande acerto, além manter as características originais do príncipe submarino mesmo com uma roupagem diferente.
O restante do elenco merece destaque principalmente Danai Gurira, Winston Duke e Lupita Nyong’o, todos estão ótimos, e a novata Dominique Thorne faz sua estreia no Universo Marvel com uma atuação carismática de encher os olhos. Sua entrada na história é importante e ela não é tratada como um mero objeto narrativo que precisa ir um lugar ao outro.
Chegamos num tópico importante que é sua duração que para muitos pode ser ótimo porque ele tem tempo suficiente para trabalhar seus arcos e outros podem achar o ritmo lento e arrastado, mas para um filme que trabalha tantos núcleos realmente precisava de uma duração significativamente maior. Portanto não quer dizer que a obra às vezes dá umas tropeçadas no meio do caminho.
Veredito
É isso que Pantera: Wakanda Para Sempre se trata, é uma linda homenagem ao legado de Chadwick Boseman e honra seu manto como Pantera Negra.
8/10.