
Aviso: Crítica sem spoilers!
Uma grande obra de Steven Spielberg.
A arte sempre foi um local onde os artistas podiam escapar da sua própria realidade para poder criticar a situação do mundo, criar uma fantasia sobre algo ou fazer sua terapia pessoal. E o cinema era uma espécie de terapia para Steven Spielberg.
É uma alegria saber que podemos testemunhar as novas obras de Spielberg, uma lenda viva que sempre está trazendo novas experiências.
2022 foi um ano onde os cineastas tiveram a liberdade de fazer uma homenagem ao seu legado e ao cinema como todo, mas estamos falando do próprio Steven Spielberg, ele não vai fazer uma homenagem barata qualquer.
Sua nova obra é uma espécie de semi-biografia, pois estamos vendo imagens da sua infância e de como ele descobriu sua paixão pela Sétima Arte e, mais importante, Spielberg relembra para os telespectadores a magia do cinema. A linguagem do cinema é a imagem, Os Fabelmans é uma carta íntima do Spielberg para sua família e ao cinema por tudo que essa arte já fez na sua vida, e seu novo longa é uma prova viva que os filmes conseguem mudar a vida das pessoas através de suas imagens.
As imagens tem o poder de transmitir a comunicação, expressar as emoções e fazer você acreditar que o impossível deve ser possível. As histórias são fragmentos de uma imagem. A composição dos planos unidos ao som consegue transporta a narração da história sem precisar estar escrito na tela, às vezes pessoas esquecem que o cinema surgiu em uma imagem em movimento.
O cineasta conduz sua narrativa entre o drama e a comédia como ninguém, são várias situações que Spielberg mostra como os momentos alegres da família Fabelman e depois mostra momentos dramáticos com uma maestria que só ele pode proporcionar.
Spielberg revisita suas lembranças mais sensíveis, como as mudanças em cidades que sua família tinha que fazer devido ao trabalho do pai, o preconceito que a cidade tinha pela família por eles serem judeus e o difícil divórcio dos seus pais. São momentos muito delicados carregados por uma emoção enorme pelo seu elenco.
John Williams repete sua parceria clássica com o cineasta e novamente essa parceria proporciona uma trilha sonora espetacular que condiz com tudo que o longa quer apresentar.
O ator novato Gabriel LaBelle (O Predador) tem um desempenho surpreendente, é uma atuação linda e é surpreendente como ele consegue acompanhar todas as estrelas do elenco sem ficar para trás.
Michelle Williams (Namorados para Sempre) tem disparada a melhor atuação do longa por entregar uma mãe carinhosa, mas insegura dos próprios sentimentos. Paul Dano (Sangue Negro) tem uma ótima performance por carregar o peso de um pai que procura melhorar os laços da sua família e Seth Rogen (Superbad – É Hoje) convence por interpretar o Tio carismático da família. Rogen, Williams e Dano, os três juntos, têm uma presença sem igual no longa, e o cineasta David Lynch tem uma participação bem especial.
Os Fabelmans é de uma beleza verdadeira, pois o longa não tenta reverenciar a si próprio, ele quer realmente homenagear e relembrar todos que já passaram nas nossas vidas. É isso que faz o cinema ser uma arte tão mágica.
Veredito
A arte é um reflexo do seu Artista e Os Fabelmans é um reflexo pessoal do Steven Spielberg, é isso que torna o longa algo especial e lindo.
10/10.