
Reprodução: Paris Filmes
Aviso: Crítica sem spoilers!
Um terror no estilo de A Origem e Possessão.
Com as produções de terror tomando conta dos cinemas novamente, Oferenda ao Demônio é mais um longa-metragem que mistura demônios, criaturas bizarras, religião, e por aí vai. Porém, o novo longa-metragem é intrigante, e não pelo fato do terror em si, mas por ser ao estilo de A Origem e Possessão.
Não é exagero algum dizer que o filme pode ter pegado o mínimo de inspiração em alguma cena de A Origem, do diretor Christopher Nolan. Porém, aqui parece ficar mais “claro” diferenciar a vida real de um sonho, embora alguns possam ter dificuldade. O longa de terror judaico, embora divertido, possui momentos muito óbvios, como quase todo filme de terror já feito na história do cinema.
A trama segue um casal, com o filho, Art (Nick Blood) tentando fazer as pazes com seu pai. No momento que tentava fazer, ele passava por diversos problemas, e isso ficou ainda pior quando um antigo mal está à espreita apenas para se apoderar de crianças ao redor do mundo.
Dificilmente as pessoas conhecem sobre todos os aspectos do judaísmo, ou mesmo de seus costumes. O diretor Oliver Park aborda muitas questões, mas que sempre envolvem o assunto morte, visto que um dos personagens possuía uma funerária. A escolha do filme se passar na funerária é ainda bem inteligente, o que tenta resgatar o medo de vários espectadores: “e se um dia eu passar uma noite no cemitério ou numa funerária?”
É claro, há problemas na narrativa, visto que não há profundidade no drama entre pai e filho, embora haja uma explicação plausível do motivo de ambos terem estado longe um do outro. Além disso, a história apresenta muito pouco sobre o problema de Art, porém, o mínimo que mostra pode ser satisfatório. Para um filme de 1 hora e 33 minutos, há uma ida direto ao ponto, onde demonstra que as subtramas são inconsistentes.
O grande problema que o filme não conseguirá evitar são as comparações com o filme Possessão, que também possui o mesmo demônio, embora uma abordagem distinta. Contudo, mesmo que tenha pouca originalidade e uma história batida, a decisão final do cineasta é eficiente para concluir seu arco, mas os diálogos expositivos existem e a obviedade toma conta dos últimos minutos do projeto.
Vale ressaltar, também, a ótima trilha sonora, que é o maior trunfo, embora não esconda as atuações precárias do elenco. O diretor, ao menos, consegue introduzir bons sustos, e nos momentos certeiros, sem forçar um projeto baseado apenas em jump scare, o que deixa qualquer produção exaustiva.
Por fim, Oferenda ao Demônio oferece uma narrativa a qual muitos fãs estão cansados de saber, embora um novo olhar sobre os mitos de uma religião. Apesar da ótima ideia com a funerária, o cenário não tem vida, e o uso do filtro escuro intenso não esconde os problemas técnicos do projeto. Mas, num todo, é um bom passeio, em uma história que tenta reacender o subgênero, com elementos precisos do terror.
Veredito
Oferenda ao Demônio é um filme que poderia ser mais cuidadoso com o elenco, fotografia e sua paleta de cores. O estreante Oliver Park tem uma direção insegura que se acerta com o tempo, e sabe comandar cenas de sustos, mesmo que sejam previsíveis em muitos momentos. A obra de terror se abre para uma potencial franquia, com um final curioso, satisfazendo um olhar adentro aos mitos dos judeus.
7/10.