
Reprodução: Lucasfilm
Alerta: SPOILERS! Desça e leia por sua conta e risco.
Um clássico que jamais será esquecido.
A maldição do terceiro recai sob muitas franquias, como é o caso dos X-Men, Homem-Aranha, Homem de Ferro, Capitão América, Se Beber Não Case, Halloween… enfim, muitas sagas. No entanto, esse não é o caso de Indiana Jones (que, é claro, terá um quinto filme, mas vamos fingir que estamos em 1989). Indiana Jones e a Última Cruzada, dito que seria o último da saga, é um projeto brilhante e tão memorável quanto Os Caçadores da Arca Perdida, lançado em 1981.
Diferentemente de O Templo da Perdição, de 1984, o terceiro filme retorna às raízes ao falar e abordar o nazismo, mas agora de forma mais agressiva. Embora o segundo tenha sido uma aventura agradável, deixando de lado esse mundo caótico de guerra e colocando o personagem em um plano sem uma Alemanha Nazista no encalce, o terceiro muda todo o percurso. E, talvez, esse seja o ponto que define sua qualidade: o retorno à comodidade.
Em Indiana Jones e a Última Cruzada, Henry Jones Jr (Harrison Ford) é convencido a encontrar o Santo Graal, o santo cálice usado por Jesus Cristo na Última Ceia. No entanto, além de ter que achar o famoso cálice, ele precisa resgatar seu pai, interpretado por Sean Connery, que está sendo mantido como prisioneiro pelos nazistas. A partir daí, a aventura começa, com pai e filho tendo de correr contra o tempo, encontrar o “cálice da vida” antes que caia em mãos erradas: nas de Adolf Hitler e o Nazismo crescente na Alemanha.
A franquia nunca foi muito boa em explorar os relacionamentos amorosos, visto que não era o foco – tal qual os games Uncharted, inspirado por Indiana Jones. Elsa (Alison Doody) tem apenas uma passagem como um interesse amoroso, mas, também, é uma artimanha para facilitar o roteiro. Esse mesmo sentimento de facilitar e encontrar brechas na trama se dá com Walter Donovan (Julian Glover), um vilão logo de cara para quem já conhece a saga. Entretanto, mesmo que estes personagens possam abrir brechas para a continuidade da obra, Steven Spielberg sabe conduzir a partir de um roteiro bem escrito e coerente com o próprio Indiana Jones.
É claro que, mesmo com personagens um tanto rasos, o foco do filme, além de brincar com a história em uma caçada perigosa, é divertir. E isso ninguém na franquia fez melhor que Connery, junto de sua dinâmica espalhafatosa e inteligente com Ford. O jogo de conhecimento histórico chega a ser tão cômico, que parece que os astros atuam e se conhecem há muito tempo. É justamente essa dinâmica que faz o filme voar mais alto, não se prendendo apenas no presente. Foi muito importante manter a coesão do personagem (e do próprio ator, que possui uma cicatriz no queixo por causa do primeiro filme), já que a juventude passa a ser um fator decisivo em algumas ações.
O elenco de apoio contribuiu bastante, e a volta de John Rhys-Davies como Sallah e Denholm Elliott como Marcus auxilia ainda mais na identidade da franquia. O filme ainda faz o correto de não se importar com as subtramas destes personagens, e inclui eles apenas como apoio na trama principal, onde quase sempre funcionam como alívio cômico.
Novamente, a parceria se repete. John Williams compõe lindamente a trilha sonora do filme, dosando entre aventura, ação e o drama em vários momentos. O ponto alto é a faixa sonora, bem como a mixagem de áudio e todo o design de roupas e locais. Mesmo que tenha sido feito nos anos 1980, é perceptível o empenho que fizeram para com que se parecesse nos anos 1930. Mas, é claro, nem tudo pode ser tão perfeito (justamente uma cena). A sequência do zeppelin e da fuga com o avião expõe o chroma key absoluto, mas apenas em momentos focados nos protagonistas. Embora tenha este erro, é claro que é entendível, visto à época em que foi gravado e editado.
Clássico, cômico e emocionante, Indiana Jones e a Última Cruzada prometeu, na época, ser a última parcela da franquia. Mesmo que tenha finalizado com chave de ouro, sem deixar espaço para mais – como é com todo filme da saga -, o terceiro longa-metragem é memorável e inteligente em sua proposta. Retornar às raízes nunca foi tão bom!
Veredito
Indiana Jones e a Última Cruzada é uma lembrança de como os filmes de aventura podem, e devem ser mais explorados. Não há dúvidas de que seja um dos filmes definitivos do gênero de aventura, com a presença de um bom elenco em uma história coerente e mais próxima da realidade. Harrison Ford e Sean Connery são a dupla perfeita.
10/10.