
Reprodução: Lucasfilm
Aviso: Crítica sem spoilers!
O retorno triunfal do maior historiador do cinema.
Os filmes de aventura clássica estão em queda, e precisam se reinventar cada vez mais, já que Indiana Jones mudou esse curso. Indiana Jones e a Relíquia do Destino chega para dar um gás no gênero, e não só isso, mas na própria franquia. Prometendo ser a última parcela da saga, o longa-metragem traz Harrison Ford mais uma vez ao papel do historiador, arqueólogo e ladrão de tumbas, em uma história que é a cara do personagem.
Embora o produto final seja bom, sua produção foi bastante conturbada. Sendo anunciada em 2018, o filme ficou em desenvolvimento por longos dois anos até o início das filmagens, que se deu na pandemia. Com um novo diretor, história, refilmagens e mudança de curso, o quinto filme da saga parecia mais distante do possível da visão de Steven Spielberg. Mesmo que o diretor dos quatro primeiros seja apenas um produtor executivo, ele atua bastante como um mentor para James Mangold, que já tem em seu currículo Logan e Ford v Ferrari.
Na trama, o ano é 1969, a Guerra Fria está em andamento e o homem já chegou à Lua. Porém, um velho inimigo de Indiana Jones retorna, e está trabalhando na NASA. Justamente, esse vilão chamado Voller (Mads Mikkelsen) era um nazista, que quer mudar o percurso do mundo e se vingar de um homem: Dr. Henry Jones Jr, que o deixou para morrer.
A franquia sempre teve bons vilões, mas faltava algum outro para tomar as rédeas de melhor antagonista. Voller é um prato cheio para o projeto de Mangold, que volta a abraçar às raízes do primeiro e terceiro filme: o Nazismo e o Americano. A trama consistente e coerente com o que era proposto ao personagem, faz o espectador se manter curioso no que poderia vir a seguir. A maior cartada do projeto é não se segurar apenas em “fan services” ou referências, mantendo a originalidade em uma história rica, que explora cenários aparentemente visitados pelo personagem (no passado). Seu outro ponto positivo (até demais) é o uso do elemento histórico a seu favor. Diferentemente de muitas obras que acabam tendo um revisionismo desnecessário, Indiana Jones e a Relíquia do Destino apenas complementa a História, mas com muitos alardes para a ficção.
Mesmo que Ford seja o protagonista, e trabalhe muito bem a ideia de sua idade avançada para o personagem, é Mikkelsen que rouba a cena. O astro vive um vilão memorável, o melhor dos filmes de Indiana Jones, sem que seu personagem precise ser extremamente violento. Entretanto, não é muito bem o caso de Phoebe Waller-Bridge, que interpretar Helena, afilhada de Indy e uma personagem detestável à medida que o roteiro se desdobra. Mesmo com sua boa performance, a personagem é apenas uma adição para agregar mais juventude, visando um futuro com muito potencial. Mas, apesar dos contras, ela possui bons momentos. O elenco de apoio também agrada, com Boyd Holbrook tendo mais destaque e sendo, novamente, um vilão. Ele não repetiu a façanha de roubar a cena como em Sandman no papel de Coríntio.
Com um orçamento grande, de mais de US$ 290 milhões, era obrigatório que o CGI estivesse limpo e bom. O tempo de produção fez bem para o quinto longa, com os efeitos especiais na maior parte de execução do projeto não tendo falhas. Tanto o rejuvenescimento de Ford, quanto as cenas de ação muito bem executadas pelo diretor, fazem com que a obra consiga elogios em sua parte técnica – diferentemente de The Flash e as últimas produções da Marvel.
Além de efeitos especiais agradáveis aos olhos, a trilha sonora magistral de John Williams, com certeza, é o ponto mais forte do filme. E não precisa nem de muito esforço, mesmo com faixas sonoras inéditas e uma variação com ritmo mais lenda da “Raiders March”. Seria um forte candidato ao Oscar do próximo ano, com certeza, devido ao que o compositor representa para o cinema. Um outro adendo é a direção de fotografia, que mantém um padrão do segundo longa, com as cores quentes do deserto, a prata da casa da saga. É um trabalho de prestar atenção de Phedon Papamichael.
Um final assertivo e justo, Indiana Jones e a Relíquia do Destino já se consagra como um dos melhores do ano, usando e abusando da genialidade para a ação de Mangold. Mesmo que deixe espaço para mais um filme, série ou qualquer outro projeto, o final do quinto longa fecha com chave de ouro a lenda do historiador e arqueólogo mais sarcástico e corajoso do cinema.
Veredito
Indiana Jones e a Relíquia do Destino possui momentos engraçados, emocionantes e icônicos, com uma trilha sonora retumbante de John Williams. Tendo Harrison Ford e Mads Mikkelsen como grandes destaques, e uma direção segura de James Mangold, o quinto e último filme chega para decretar o fim da franquia de aventura que marcou e ainda marca diversas gerações.
8,5/10.