
Reprodução: Sony Pictures
Aviso: Crítica sem spoilers!
Uma jornada memorável para Miles Morales.
O impacto da animação Homem-Aranha no Aranhaverso para a indústria é gigantesca. Também virou um tapa na cara dos estúdios que falam que toda animação precisa seguir o “Padrão Pixar” para conseguir sucesso e respeito. Seguir esse tal “Padrão Pixar” quebra bastante o conceito de animação.
A animação permite ao artista que ele possa dar vida para objetos inanimados e o poder de determinar como será seu personagem através de diferentes métodos dentro da tela. Portanto, podemos dizer que é uma espécie de analogia do criador dando o “sopro de vida” para sua criação. No meio disso, a criatividade se mostra um elemento muito importante para criar um bom filme animado.
Não é exagero falar que Aranhaverso revolucionou a indústria das animações, mostrando para todos não ter medo de ser uma animação. Além disso, Aranhaverso se provou ser uma das melhores produções do Homem-Aranha. Agora, acabou a espera, após cinco anos chegamos no lançamento de Homem-Aranha: Através do Aranhaverso, onde vamos acompanhar a jornada do Miles Morales no manto de Homem-Aranha e provar à todos que ele é capaz e digno para ser um Homem-Aranha.
Em Homem-Aranha: Através do Aranhaverso vamos presenciar o reencontro entre Miles e Gwen, e no meio disso acompanharemos uma nova ameaça surgindo e a apresentação de um grupo de várias versões do Cabeça de Teia dentro do Multiverso. Desde o primeiro filme, o público já criou uma conexão pessoal com o Miles Morales (Shameik Moore), e aqui o espectador está junto novamente com ele para acompanhá-lo no momento mais delicado da sua vida. Os espectadores também vão testemunhar o arco de Gwen Stacy (Hailee Steinfeld), vulgo Mulher-Aranha nesse segundo filme.
Os dois arcos se completam, pois os dois personagens estão passando por uma fase, que é a “famosa puberdade” onde existe aquele senso dúvida se estamos sendo sinceros conosco, com as pessoas ao nosso redor e aquela dificuldade de se expressar diante dos pais. É uma construção sensível que emociona a cada olhada dos seus protagonistas por serem dois espelhos diferentes, mas com situações parecidas.
A jornada de Miles serve para qualquer jovem que não se encaixa em nenhum lugar ou está tentando achar sua própria identidade. Nessa sequência temos novos personagens e todos são incríveis como Miguel O’Hara, o Homem-Aranha 2099, que tem a voz emprestada por Oscar Isaac (Duna). Ele está aqui para ser o antagonista do nosso Homem-Aranha.
Outras adições ótimas são Jessica Drew (Issa Rae), Pavitr Prabhakar (Karan Soni), e claro, não posso esquecer do personagem que rouba a cena onde aparece e que é estiloso, o Homem-Aranha Punk, com a voz do excelente Daniel Kaluuya (Não, Não Olhe!). Existem outras participações especiais (e algumas bem surpreendentes), porém essas participações servem mais como uma ferramenta para enriquecer o conceito de Multiverso e nenhuma fusca a narrativa principal.
Agora falando do visual do longa, desde seu antecessor, ele já surpreendeu por sua maneira incrível de usar animação 2D de uma forma única e criativa misturada com vários estilos. Mas, agora, no segundo filme, a animação é elevada num patamar que é difícil descrever como esse longa se transformou num épico animado. A direção competente do trio de cineastas transforma as cenas de ação em algo empolgante e bastante detalhista.
Outro ponto positivo é a fotografia do longa e como o trabalho das cores consegue trazer tantas emoções numa cena, usando apenas as cores a seu favor. Isso acrescenta nos múltiplos universos que são apresentados aqui que trazem uma personalidade para cada aranha da sua terra.
Uma coisa que marcou bastante o primeiro filme foi sua trilha sonora incrível, que tinha sua própria identidade e a trilha da sequência repete a façanha do seu antecessor, trazendo uma diversidade de várias músicas para compor essa ópera.
A frase que roda durante a experiência do segundo filme é a frase do Miguel O’Hara que reflete perfeitamente o que é ser o Homem-Aranha: “Ser o Homem-Aranha é um sacrifício, você pode escolher entre salvar uma pessoa ou salvar o mundo todo”. É uma frase que define como é pesado segurar o manto do herói, pois ser o Homem-Aranha sempre foi uma benção e uma maldição para o Peter Parker e isso está acontecendo com o Miles e com outros personagens, já que a tragédia sempre vai seguir o Amigão da Vizinhança.
Os filmes de quadrinhos estão passando por uma fase complicada, onde eles têm uma escolha difícil de ser um produto programado por algoritmos ou ser realmente um filme de quadrinhos que abrace o lado fantasioso dos gibis. Atualmente as produções deixaram sua história de lado para focar numa experiência barata e genérica. O gênero precisa respirar e achar novamente seu significado. O trio de diretores do Através do Aranhaverso, Joaquim dos Santos, Justin K. Thompson e Kemp Powers, mostram para o público um verdadeiro espetáculo em formato de animação e crava que o gênero de animação não deve ser menosprezado.
E o final do segundo filme prepara o território para seu terceiro filme de uma forma natural – e que baita cliffhanger. Semanas atrás um dos diretores do longa falou que o gancho da continuação seria nível O Império Contra-Ataca, e realmente chegou nesse nível.
Veredito
Homem-Aranha: Através do Aranhaverso entrega uma ópera multiversal impecável e uma jornada pessoal do seu protagonista que transcende qualquer universo que é apresentado. E que venha Homem-Aranha: Além do Aranhaverso para concluir essa aventura de Miles Morales dentro do multiverso.
10/10.