
Aviso: Crítica sem spoilers!
O bicho-papão é real.
Chegou outubro, o mês do Halloween. Os fãs de filmes de horror e terror preparam maratonas de seus favoritos, e ainda existem aqueles que preferem algo mais… peculiar. Principal responsável pelo sucesso do subgênero slasher, que podemos dizer que começou com O Massacre da Serra Elétrica em 1974, Halloween – A Noite do Terror se tornou um clássico imenso. Para os mais ferrenhos, é o melhor filme da franquia, que se desgastou nos anos 80 após Halloween 2. E sem dúvidas, podemos dizer que sim, é tão bom quanto qualquer outro. Mas, será que ele continua uma obra-prima até os dias de hoje?
John Carpenter idealizou um clássico, criando um personagem icônico que é tão popular quanto Jason ou Ghostface. Junto de Debra Hill, a roteirista, Carpenter explora um mundo onde um homem é apenas mal, e não parece possuir motivos para matar. Michael Myers (Nick Castle) é um homem na casa dos 21 anos, perturbado, e que está sendo mantido no sanatório Smith Groove. Seu crime é grave, e para a época (até hoje, na verdade), é ainda mais. O filme tem um começo, mostrando um garoto assassinando sua própria irmã. O enredo vai se desenrolando devagar, até chegar na fuga de Michael do sanatório, cujo o doutor Sam Loomis (Donald Pleasence), não evitou. Agora ele está solto, usando uma máscara sinistra, na noite de Halloween.
A maneira como Halloween encaixa toda sua trama de forma subjetiva, é algo muito bem pensado por Carpenter. Da mesma forma que você acha que o vilão vai fazer, ele faz, mas pior. Porém, num todo, não deixa entendido neste primeiro filme, a causa de Myers estar seguindo Laurie Strode (Jamie Lee Curtis), uma babá em Haddonfield. A ideia original era Myers matar babás ao longo do filme – o que acontece -, mas é algo descartado em Halloween 2, e consertado em Halloween (2018). Aqui, no primeiro filme da famosa franquia, Myers caça suas presas no subúrbio de Haddonfield, na noite de Halloween, após avaliá-las durante o dia, e saber cada passo de suas vítimas. Em sua maioria, os serial killers do cinema não costumam observar sua vítimas, como Myers o faz. É um assassinato comum e pronto. Diferentemente do restante, o “The Shape” observa e executa seu plano.
Se Myers, por um lado, é brutal em Halloween (2018), e será ainda mais em Halloween Kills, no filme de 1978 ele não parece ser – devido a sua inexperiência. Há um toque sutil de Carpenter em não querer mostrar a violência excessiva e sangue jorrando, como nas sequências, o que torna tudo mais intrigante, pois não é a ideia que o filme quer transmitir. Há boas atuações, especialmente por parte de Jamie Lee Curtis e Pleasence, mas nada tão espetacular a chegar marejar os olhos. O longa-metragem original possui um elenco sólido, que reaparecerá (alguns) em Halloween Kills.
O clima soturno, tanto da cidade quanto do personagem, que tem sua máscara revelada nitidamente do segundo para o terceiro ato, é o grande acerto. Toda a ambientação é algo que deve ser muito elogiado, bem como os movimentos de câmera. É claro que, se a ambientação é algo muito bacana de assistir, a trilha sonora, desde a abertura icônica, até o final imprevisível, é um deleite. Carpenter escreve, dirige e compõe as faixas sonoras, que elevou para um outro patamar, uma música tema que é tocada em todos os filmes da franquia – Halloween 3 não conta, e nem as retcons de Rob Zombie. A abertura do filme se tornou um tanto comum para as sequências.
Num geral, Carpenter molda um personagem sem pudor, persistente e memorável, num filme que mesmo sem sangue e nem tanta violência como os demais da franquia, ganha destaque pela história e trilha sonora.
Veredito
Halloween – A Noite do Terror, é um slasher imprevisível em alguns momentos, com mínimas conveniências no roteiro, que apesar de não ser perfeito, é bem trabalhado. A montagem, trilha sonora e a ambientação, tornam tudo um pouco mais efetivo, fazendo o filme funcionar sem cansar. Uma hora e meia passa rápido, para uma obra compacta, coerente e muito atrativa. Mesmo depois de 43 anos, o Halloween original continua sendo uma obra-prima.
10/10.