
Reprodução: Paramount Pictures
Aviso: Crítica sem spoilers!
Um respiro para os filmes de fantasia.
É a segunda tentativa de levar o universo de Dungeons & Dragons aos cinemas e na última vez que fizeram isso, foi bem desastroso. E é bom não lembrar da adaptação de 2000. Porém, agora parece que conseguiram acertar a mão no projeto.
O gênero de fantasia está sofrendo uma espécie de rejeição da Hollywood por achar o gênero bobo, cada vez mais a fantasia ficou em escanteio sendo substituído por um “falso realismo” que tomou de conta na maioria das produções onde eles mesmos têm a vergonha de expressar seu lado fantasioso.

O lançamento de Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes é uma prova para a indústria do cinema que a fantasia está viva e tem muito mais a oferecer do que ser rebaixado por uma tentativa de ser mais realista. A dupla de cineastas John Francis Daley e Jonathan M. Goldstein tem bastante experiência na área da comédia e foi uma ótima escolha chamar esses dois para dirigir o filme de D&D. Além deles acertarem a mão no humor, eles também acertem nas cenas de ação, que estão inventivas e criativas.
A dupla tem a habilidade de fazer a câmera ficar grudada nos seus personagens para o público sentir a adrenalina no meio do perigo.
A proposta do longa tem de apresentar uma jornada simples de uma equipe de bandidos tentando fazer o certo e para isso precisam superar suas falhas, o próprio personagem do Chris Pine (Star Trek) representa esse dilema de querer consertar seus erros para conseguir apagar sua imagem ruim e o astro está ótimo como o Edgin Darvis, vulgo o Bardo da Equipe. Pine entrega o humor quando o filme pede e entrega o drama quando precisa.
No geral, a escolha do elenco por desempenhar cada categoria do RPG foi certeiro. Justice Smith (Pokémon: Detetive Pikachu) faz o feiticeiro do grupo que tem uma autoestima baixíssima e representa o humor da equipe, Michelle Rodriguez (Franquia Velozes e Furiosos) tem um bom desempenho como a Bárbara e rende boas interações com o Pine.
Sophia Lillis (It: A Coisa) interpreta a Druidesa e sua personagem tem um arco bem interessante sobre querer proteger o povo que lhe acolheu e o intérprete do Paladino é Regé-Jean Page (O Agente Oculto), carrega uma boa presença quando chega em tela e as piadas que a equipe faz sobre sua postura são boas demais.
Um aspecto bastante impressionante é o uso dos efeitos práticos nas criaturas que dá uma sensação de uma fantasia dos anos 80 e funciona bem aqui, e não posso esquecer do CGI que está competente.
O que fazia a fantasia ser um gênero magnífico era seu visual, pois o uso da natureza fazia o telespectador ficar imerso dentro daquele universo e a fotografia de Barry Peterson traz essa sensação das cores naturais se destacando, junto com o ambiente mágico e nisso o longa não peca, além de apresentar um universo muito rico em cultura e detalhes.
Mas a ameaça do longa se sustenta? Na verdade, não. A vilã Sofina, a Maga Vermelha de Thay interpretada por Daisy Head (Anjos da Noite: Guerras de Sangue) tem um desenvolvimento bem decepcionante e Hugh Grant (Um Lugar Chamado Notting Hill) consegue ser um vilão mais interessante que ela.
Veredito
Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes te convida a entrar nessa atmosfera caótica de uma jornada de uma equipe, tentando salvar a filha do seu amigo e entrega o que a fantasia pode oferecer. Que venha mais produções do universo de D&D.
8/10.