
Reprodução: MGM
Aviso: Crítica sem spoilers!
Um filme cheio de personalidade.
Mais um capítulo da saga Creed, o primeiro sem qualquer envolvimento do personagem Rocky Balboa no elenco principal, Creed III é também um longa sem Sylvester Stallone. O que não é um demérito, pois finalmente traz independência ao personagem de Adonis Creed.
É normal, na indústria, os astros sentarem na cadeira de diretor para comandar os filmes, isso acontece há anos e chegou a vez do Michael B. Jordan, que arrisca como cineasta.
Em Creed III, mergulhamos nessa jornada pessoal de Adonis e Damien para resolver seus problemas do passado em um ringue. É ironia do destino ambos resolverem todos seus problemas dentro de um ringue, onde a amizade dos dois foi estabelecida.
Quando fiquei sabendo que a direção de Jordan teria uma influência nas obras japonesas como Naruto, Dragon Ball e, principalmente, Hajime no Ippo, minha curiosidade já bateu forte, e Jordan realmente entregou uma espécie de adaptação de anime de boxe em live-Action. O resultado foi ótimo.
A influência desses animes na construção da narrativa é gigantesca, isso leva até na relação dos rivais do longa, com umas pitadinhas de Naruto e Sasuke na rivalidade e, claro, a inspiração dos animes também vai nas cenas de boxe. E que espetáculo maravilhoso Jordan fez aqui.
As cenas no ringue são viscerais, junto com uma excelente mixagem de som, o longa consegue transportar o público direto para o ringue. As lutas são tão bem filmadas que faz você sentir os golpes dos personagens. Jordan usa muito bem o slow motion para cravar o impacto dos socos, chega a ser impressionante como o cineasta faz você sentir a potência do nocaute em cada luta que é apresentada.
Os fãs de Hajime no Ippo vão perceber as claras referências que o cineasta colocou na construção das cenas. Usando os elementos desses animes as cenas de boxe assumem uma forma cartunesca, mas isso não é ruim. Como falei antes, a forte influência das obras ajudou a dar uma personalidade para o longa.
E o conceito de Antagonista é bem presente aqui, pois é raro uma produção realmente saber o significado do termo. Os antagonistas não são sinônimos de vilões, são reflexos do nosso protagonista e da razão porque ele não é aquilo, e isso é reforçado na relação de Damien e Adonis.
Jonathan Majors (Vingança e Castigo) traz toda carga de emoção necessária dentro da tela e ele conseguindo encenar várias facetas do seu personagem.
Michael B. Jordan (Pantera Negra) entrega, mais uma vez, um desempenho excelentíssimo como Adonis Creed, e Tessa Thompson (Aniquilação) continua sensacional como Bianca. Sua química com o Jordan permanece impecável. Claro, não posso esquecer da surpresa que é a atriz mirim Mila Davis-Kent, pois a atriz brilha quando aparece em cena e sua relação com Jordan e Thompson é genuína e fofa, já sua personagem traz uma carga importante de representar as pessoas auditivas.
Sua trama é simples e até manjada, o longa usa elementos de filmes anteriores do Rocky na sua narrativa e existem furos na sua escrita, porém a força do drama entre Adonis e Damien junto de outros aspectos positivos sobressaem em cima desses problemas.
Veredito
Creed III é cheio de personalidade e carrega consigo uma independência própria, as cenas de boxe são um espetáculo glorioso que merece ser visto em uma tela adequada. Que venham mais inspirações de anime nos próximos filmes da franquia.
8/10.
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amei.