
Reprodução: Universal Pictures
Aviso: Crítica sem spoilers!
Um suspense apocalíptico surpreendente.
Batem à Porta traz novamente M. Night Shyamalan de volta a temática de suspense apocalíptico, porém com uma roupagem diferente e trazendo uma questão moral. Vale a pena sacrificar a vida de uma pessoa para salvar a vida de milhões ou salvar sua própria pele?
Podem falar o que quiser sobre o Shyamalan, mas não duvidem na sua capacidade de pegar uma câmera e criar imagens passivas que, na verdade, são assustadoras.
A nova obra de Shyamalan é baseada no livro O Chalé no fim do mundo, de Paul Tremblay. Acompanhamos durante as férias em uma cabana remota, uma jovem e seus pais são feitos reféns por quatro estranhos armados que exigem que a família faça uma escolha impensável para evitar o apocalipse.
O cineasta usa esse tema para falar sobre o velho debate da fé contra o ceticismo, onde a falta de crença pode se tornar algo perigoso ou um simples delírio humano, pois estamos lidando com um questionamento moral de uma família que precisa carregar o peso de fazer a escolha certa, senão várias pessoas vão morrer, ou essa escolha pode ser uma brincadeira doentia. O longa circula em volta de uma cabana que é alegre e segura para depois se transformar em uma cabana claustrofóbica e ofegante.
A própria cena inicial dá uma espécie de prelúdio que o pior ainda vai acontecer cedo ou tarde. O longa brinca bastante com a paranoia dos seus personagens, se tudo aquilo está acontecendo realmente. E o cineasta reforça essa dúvida com uma mixagem de som arrepiante e uma trilha sonora carregada de tensão.
Mais uma vez, Shyamalan mostra porque ele é um diretor que sabe o que está fazendo, quando ele usa sua direção para causar calafrios e um desconforto incontrolável para saber se esse grupo de fanáticos está contando a verdade ou está fazendo uma brincadeira de ódio contra um casal homossexual. Jonathan Groff (Mindhunter) e Ben Aldridge (Spoiler Alert) brilham nos seus papéis e ambos esbanjam uma química absurda como casal.
Dave Bautista (Blade Runner 2049) tem uma atuação surpreendente ao se permitir ser calmo e sutil, facilmente sua melhor atuação até agora, e a atriz mirim Kristen Cui tem um desempenho excelente e a química dela como a filha do casal é lindo.
Na verdade, o elenco todo está ótimo, ninguém é ofuscado no longa, principalmente Rupert Grint (Harry Potter) que vai surpreender bastante o público com sua atuação e Nikki Amuka-Bird (Tempo) e Abby Quinn (Adoráveis Mulheres) tem uma presença forte aqui porquê suas personagens fazem o questionamento de fé e vida, e como esses assuntos se cumprimentam durante a narrativa.
Será um longa que irá causar fortes debates e várias leituras diferentes. Entre todos os filmes de Shyamalan, esse é o filme mais tranquilo de fisgar suas mensagens, apesar de ter momentos que o próprio longa tenta ser autoexplicativo.
Veredito
Batem à Porta reúne tudo de melhor no cinema de M. Night Shyamalan. O cineasta brilha nesse suspense apocalíptico surpreendente e que venha mais filmes desse diretor ambicioso.
9/10.