A 2ª temporada não sabe desenvolver seus arcos secundários.
Exibida em outubro de 2022, a série Bárbaros, da Netflix, é daqueles programas desconhecidos do grande público que ninguém esperada nada. No entanto, quando o espectador se depara e vê apenas um episódio, começa a ficar interessado. E assim foi o segundo ano, que repetiu a boa dose da primeira temporada em seus três primeiros episódios. Porém, não conseguiu manter o bom desempenho nos três últimos.
Dois anos separam a primeira da segunda temporada, e poucos tempo separa a Batalha de Teutoburgo de suas consequências. Há um material muito rico a ser explorado, já que tribos germânicas e romanos tinham muitas desavenças em tempos antigos. No segundo, após o desastre de Varo, os romanos estão tentando recomeçar e reconstruir suas forças na localização onde hoje fica a Alemanha. Por conta disso, Ari (Laurence Rupp) quer unir todas as tribos, como os queruscos e brúcteros. Mas, nem todos querem uma guerra contra o poderoso Império Romano, que é implacável com seus adversários.
Agora, Arminio é casado com Thusnelda (Jeanne Goursaud), enquanto seu melhor amigo, Folkwin (David Schütter), ficou apodrecendo em uma prisão romana. Porém, não demorou muito para que os três se encontrassem, mas não do jeito que queriam ou pensavam. As idas e vindas desse trio no primeiro ano foram o ápice de seus arcos pessoais, o que não ficou mantido em boa qualidade nessa segunda temporada.
Embora a narrativa siga uma premissa parecida de batalha entre tribos germânicas e os romanos, as subtramas são o que pecam. E pecam bastante. O roteiro possui diálogos expositivos, que repetem tanto que deixam o espectador entediado. Os mesmos personagens conversam entre si várias e várias vezes. Além disso, o seriado aborda mais de uma reviravolta, cansando o público com uma história de amor nunca apresentada antes. Ao menos, nem era de conhecimento no primeiro ano sobre esse relacionamento entre dois personagens que tinham potencial, mas foram desperdiçados – o destino foi cruel para um deles e totalmente merecido. Fora esses problemas, a história principal é ótima, mas não mantém uma base por conta de seus arcos falhos.
Novamente, Bárbaros faz de Folkwin um personagem forte, e dessa vez, deixa Ari e Thusnelda na sombra. Há diversos novos personagens na segunda temporada, e muito deles são insuportáveis e tentam buscar redenção no final. A série alemã deixa claro que Roma é a vilã da história – não que não esteja errado -, mas acaba idealizando demais, mostrando que os bárbaros são sempre bonzinhos. Eles possuíam seus motivos para se defenderem, mas historicamente, não eram tão bons assim como a série parece querer mostrar.
A história avança bem em sua primeira parte, porém se perde totalmente na reta final e mostra apenas um massacre de ambos os lados. Os roteiristas dão ao público o que querem: batalhas e sangue. E claro, fazem isso muito bem como fizeram no primeiro ano, com cenas de ação bem dirigidas e coreografadas, e um design de produção de época melhorando com o passar de temporada. A trilha sonora composta por Volker Bertelmann demonstra muito bem o impacto que o Império Romano deixou em seus inimigos, rebuscando um estilo de Vikings com batidas fortes.
Por fim, a segunda temporada de Bárbaros pode ser definida como “uma história que pode melhorar”, e que pode ainda levar o público para uma outra localização muito pouco mostrada: Roma. A incrível sinergia entre o trio de protagonistas é um ponto alto, bem como a trama principal. No entanto, as narrativas secundárias se tornam exaustivas, tentando de uma maneira qualquer que o público simpatize com certos personagens, com um final de temporada bastante irregular – a cena final inclusa.
Veredito
A segunda temporada de Bárbaros não repete o bom desempenho do primeiro ano, que soube desenvolver seus arcos secundários sem querer sobrepor a trama principal. Com o retorno do elenco e atuações satisfatórias, a série alemã da Netflix deixa espaço para uma história no terceiro ano – porém, e se cancelar? O futuro vai decidir se Bárbaros merece mais uma chance no streaming.
7/10.
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