Crítica: Até os Ossos (2022)

Aviso: Crítica sem spoilers!


O longa-metragem traz um diretor muito inspirado.


O cinema de Luca Guadagnino é bem interessante. Ele usa sua arte para expressar suas emoções e relações humanas por meio das imagens. Nas suas obras a importância dessas imagens é gigantesca. Mais uma vez ele trabalha com o amor, mas de um jeito diferente.

Baseado do romance escrito por Camille DeAngelis (aliás, a autora assina o roteiro junto com David Kajganich), ambos têm a mesma premissa. O filme segue a narrativa de dois jovens canibais viajando no redor dos Estados Unidos. Gosto como o Guadagnino abraça totalmente o gênero road movie para desenvolver seu novo longa. Além disso, temos ótimas locações de cenários das cidades que os protagonistas visitam durante sua descoberta pela a própria identidade.

Seu novo longa deve chamar bastante atenção do público por abordar um assunto que ultimamente está em alta na mídia que é o canibalismo. Mas não se preocupem, Guadagnino não tem a intenção de glorificar em nenhum momento esse ato, na verdade, ele usa esse tema para falar sobre como se descobrir na vida e “existe uma forma de amar sendo assim?”. São vários assuntos interessantes por meio de boas metáforas do cineasta. Sua direção é brilhante durante todo o andamento do longa, portanto será um longa que não irá agradar a todos pela suas cenas de canibalismo. É uma obra que se encaixa no famoso tópico de ame ou odeie.

ATÉ OS OSSOS | Trailer Oficial - YouTube

O ritmo é seu maior problema, pois é extremamente arrastado, consegue ser até cansativo. Em alguns momentos às vezes a narrativa fica na dúvida em qual caminho ela deve seguir, mas é resolvido quando o cineasta finalmente encontra seu caminho.

O trabalho de fotografia de Arseni Khachaturan é impecável, ele sabe muito bem realçar as cores das suas paisagens, temos muita cor viva se misturando com uma tragédia pessoal para poder captar o grotesco.

Como foi dito antes, o roteiro é assinado com a autora original e David Kajganich (Suspiria) sua trama é simples, entretanto é carregada por vários simbolismos fortes.

Taylor Russell e Timothée Chalamet entregam uma química estranha e verdadeira. E estranha é a palavra certa para descrever a atuação de Russell, porque é estranha de excelente. Mas não diria isso de Chalamet, pois sua interpretação é apenas boa, não existe uma tentativa dele ir ao fundo no papel, posso até dizer que sua escalação para o personagem não foi boa.

Mark Rylance tem uma presença assustadora, é inacreditável o que ele fez aqui foi uma entrega sinistra ao papel. No geral, o restante do elenco não decepciona, e vale um destaque a participação de Michael Stuhlbarg que é marcante.

O trabalho de composição de Trent Reznor e Atticus Ross chega até ser poético como eles trabalham a música. Quando o longa usa seus elementos de horror, a trilha transforma a cena em um conforto agoniante, e quando tem seus momentos de paixão, é uma música que se conecta com o surgimento de um amor estranho dos protagonistas.


Veredito

Até os Ossos é um road movie de dois canibais que tentam achar uma maneira de demonstrar seu amor com a brilhante direção de Luca Guadagnino, que faz sua nova obra ser estranha e agoniante.

8/10.

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