Crítica: Argentina, 1985 (2022)

Aviso: Crítica sem spoilers!


“Nunca mais.”


Antes de tudo, é bom informar que aqui estamos lhe dando com uma obra poderosa para a Argentina, porque ela não é só um forte candidato ao Oscar, mas também é importante para que a ditadura nunca deva se repetir.

O longa de Santiago Mitre narra a estratégia de dois promotores para realizar o julgamento para condenar os comandantes da última ditadura militar na Argentina por crimes contra a humanidade. Nele, temos uma temática complexa e pesada. Essa história podia simplesmente ser narrada como um drama simples de corte, entretanto, Mitre tem uma base forte e ele usa essa base para tornar sua narrativa verdadeira e crua.

Sua direção é quase um porta-voz para explicar que ainda existem feridas na sociedade, após a ditadura militar e ainda existem memórias que não merece ser lembradas, além de tudo isso, quando o longa toca no assunto das pessoas desaparecidas não é algo puxado para o melodrama convencional que faz o telespectador tentar chorar nas cenas. Mas sim, tratado como uma dor que o país ainda carrega. O cineasta cria um ambiente de desconfiança e ameaças nas ruas da Argentina dos 80 anos para representar o medo dos seus personagens em busca da verdade.

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A recriação histórica é impecável. O cuidado da equipe foi preciso. Isso ajuda a criar uma imersão completa. Outra coisa que é impecável é a montagem que tem um cuidado enorme por transportar suas cenas em um lugar a outro sem parecer cansativo.

Mitre usa os personagens de Ricardo Darín e Peter Lanzari como uma ferramenta para enfatizar as duas gerações, a antiga e a nova, se ajudando para criar um novo futuro para o povo argentino.

Darín tem uma interpretação profunda e fantástica, o que é um destaque do seu estudo sensacional personagem, e Lanzari não fica atrás por buscar uma atuação segura, pois seu personagem é carregado por camadas de desconfiança, briga externa de família e uma vontade de buscar à justiça. O elenco de apoio também não fica atrás, todos estão excelentes, principalmente os intérpretes das vítimas da ditadura militar, pois suas expressões já dizem muito sobre suas feridas que não foram curadas.

Argentina,1985 é uma aula como deve ser o cinema político, pois em nenhum momento ele se perde no seu posicionamento. O longa tem seu objetivo e o leva até o fim.

Sua mensagem é clara e deve ser ouvida. Mitre transforma seu longa como uma reflexão pessoal, e a arte é sobre transmitir uma mensagem do artista, aqui o cineasta não tem medo de mostrar sua verdade e não é só sua, é de todos.


Veredito

Experiência de Argentina, 1985 é linda, vão assistir essa nova pérola do cinema argentino sua experiência será recompensada.

10/10.

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