
Aviso: Crítica sem spoilers!
Ben Affleck e Ana de Armas vivem casamento aberto em novo filme.
Adrian Lyne, diretor de Águas Profundas, é conhecido por seus suspenses mais para o lado adulto, mas que misturam sempre um assassinato no meio. E não foi tão diferente com o novo filme, que conta com Ana de Armas e Ben Affleck como protagonistas. No entanto, o processo até a conclusão deste demorou, após estar sendo desenvolvido na Fox, mas passar para o Hulu pelo simples fato da Disney não tolerar suspenses eróticos. Mas, cá estamos, e o filme realmente saiu.
Baseado no romance de 1957 escrito por Patricia Highsmith, Águas Profundas acompanha o casal Vic (Affleck) e Melinda (Armas), em um relacionamento aberto, só que num casamento. Mesmo que sejam pais de uma jovem geniosa menina, eles conseguem manter o segredo longe dela, mas não conseguem manter totalmente as aparências com os amigos. Isso, por que Melinda se relaciona com seus “novos amigos”, causando desconforto por parte de Vic. E o que muda, é uma onda de ameaças de assassinato de Vic com os novos amigos de sua esposa.
Com um roteiro de Zach Helm e Sam Levinson, o longa-metragem que funciona como um suspense erótico e psicológico, é um tanto interessante – ao que parece. Não explora arduamente os conceitos de uma relação poligâmica, e nem é esta a questão. O que ele aborda é um marido enciumado, querendo que sua esposa pudesse ter novos “amigos”, não poderia amá-los como deveria sentir por ele. Isso o incomoda, e ainda mais, vira a suspeita de um escritor local chamado Don (Tracy Letts), que conclui que Vic está por trás de um assassinato de um ex-amigo de Melinda.
O primeiro ato constrói a relação – e desenvolve bem – entre o casal, e no filme todo, sabe trabalhar com seus protagonistas, tendo a boa dinâmica dos atores. Porém, o que impede de uma boa obra, mesmo que a proposta seja interessante, é seu terceiro ato escrito às pressas e como o jogo está prestes a virar. A edição peca muito nos últimos 30/35 minutos, que abandonam o suspense e viram uma corrida alucinante de sobreviver em segredo com seus crimes. O suspense é até bem implantado num começo, mas que aos poucos, vai se desmantelando, em uma uma história que não prende o espectador. E mesmo com uma história regular, o roteiro balança entre um ato bom, um fraco e um péssimo, não sabendo manter o ritmo, mas deixando o final em aberto.
Embora com dois grandes nomes no elenco, e de longe, são os melhores, o elenco não agrada; e não dizendo que não são bons nomes, mas sim, estão em personagens questionáveis e desinteressantes. Tracy Letts, como coadjuvante, sabe se virar, mas ainda está abaixo da enérgica e beberrona personagem de Ana de Armas, e do cético e esquisito Vic de Affleck. Já outros nomes como Finn Wittrock (olho aqui fãs do Lanterna Verde) e Jacob Elordi, não possuem um desempenho satisfatório. Não é possível criticar a escolha destes, mas sim, como foi proposto cada um em seu personagem, e a maneira que o diretor e roteiristas os abordaram. O elenco não é um ponto negativo, mas os personagens sem fundo algum para quem sabe, um background curioso.
Num todo, Águas Profundas pode decepcionar os fãs dos livros, mas também não garante uma experiência única para quem não leu. As decisões do filme são estúpidas, frustrando um mistério que tinha potencial, mas totalmente jogado para escanteio com um final preguiçoso e apressado pelos escritores.
Veredito
O grande problema de Águas Profundas está em seu roteiro e montagem. Mesmo que trabalhe bem a relação dos protagonistas, e o primeiro ato, não sabe manter o ritmo e desenvolver a dinâmica entre os restante dos personagens. A falta de uma maior imersão, também, contrasta com o mistério resolvido num piscar de olhos. O suspense erótico de Adrian Lyne não funcionou. Sua direção insegura, com um roteiro disfuncional, fez deste filme um dos mais desagradáveis de sua carreira.
5/10.