Crítica: Adão Negro (2022)

Aviso: Crítica sem spoilers!


A hierarquia de poder apenas expandiu o DCEU.


O filme tão sonhado por Dwayne Johnson, Adão Negro, chegou às telonas, trazendo o poderoso vilão do Shazam nos quadrinhos. O projeto dos sonhos de The Rock havia sido anunciado em 2007, e só agora, com a possibilidade do filme acontecer após Shazam! ter sido lançado em 2019, Adão Negro sai do papel. Foram alguns anos parado na geladeira da Warner Bros., que vai pensando em expandir ainda mais o DCEU com uma tentativa de mudança na hierarquia da DC no cinema.

Em um ano recheado de produções de heróis, Adão Negro é mais uma da DC, que tenta dar uma beliscada no quase impecável The Batman, e ser mais assertivo do que Liga dos Superpets. Para muitos fãs, neste ano a DC conseguiu aproveitar os deslizes da Marvel, tentando encontrar-se em seu próprio universo. Se o MCU vem saturando após Vingadores: Ultimato, com uma inserção de ideias, participações especiais para agradar os espectadores, e tentativas falhas de “quebrar a quarta parede”, o DCEU se mantém vivo por aparelhos.

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Reprodução: Warner Bros

O longa-metragem de The Rock foi o primeiro do DCEU a ir no cinema neste ano, embora a série Pacificador tenta explorado isso no começo de 2022. Depois de O Esquadrão Suicida e Pacificador, Adão Negro faz com que o universo cinematográfico da pioneira dos heróis consiga respirar melhor. Porém, trata o filme mais como uma possibilidade de novos projetos, olhando para o futuro, e não tenta reinventar tanto assim o gênero. Além disso, não é o intuito, e a ideia da Warner Bros. é levar um filme com mais ação e menos papo, para que os fãs saiam satisfeitos.

A olhar pela crítica, bem dividida, o filme é mediano, embora os fãs considerem um longa bom por conta de sua ação. Dessa vez, realmente, os fãs possuem certa razão, pois Adão Negro é bom, mas não passa disso. Não tenta ser um filme arriscado como The Batman – que funcionou muito bem -, mas também não é medíocre como Thor: Amor e Trovão. Mesmo com um roteiro padrão de filmes de origem de super-heróis, os escritores Adam Sztykiel, Rory Haines e Sohrab Noshirvani souberam tratar o personagem para um primeiro filme. Apesar de haver tantos outros como Senhor Destino, Gavião Negro, Esmaga-Átomo e Ciclone, há um bom trabalho entre a dinâmica da Sociedade da Justiça entre eles próprios e o anti-herói.

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Reprodução: Warner Bros

Justamente por contar com muitos personagens, há uma dificuldade extrema de dar um tempo de tela satisfatório para todos, embora Gavião Negro e Senhor Destino roubem muitas vezes várias cenas. No entanto, certas decisões da trama não são tomadas da melhor forma, o que pode levar o levantamento de algumas questões como “e agora?”. Adão Negro sabe ser um projeto que explora melhor os heróis do jeito que eles merecem, parecendo não se segurarem em alguns momentos, mas peca quando tenta abordar seu núcleo humano. Adrianna Tomaz (Sarah Shahi), que futuramente vai se tornar a Ísis, talvez seja a melhor entre os personagens não poderosos. Não pode se o dizer o mesmo dos atores Mohammed Amer e Bodhi Sabongui, inseridos na história, mas que, ou são deslocados, ou apenas irritantes.

Se os atores do núcleo humano não estão tão bem quanto deveriam, não podemos dizer o mesmo do trio principal, formado por The Rock, Aldis Hodge e Pierce Brosnan. O ex-WWE consegue estar tão bem quanto qualquer outro papel que ele havia interpretado, mas não parece sair de sua zona de conforto. No entanto, Hodge e Brosnan conseguem sair, e muito bem. Estes dois, sem dúvidas, foram além, e souberam aproveitar suas oportunidades, bem como Noah Centineo sendo um alívio cômico. Quintessa Swindell, por sua vez, teve poucos momentos, mas pôde se desenrolar bem no projeto. Mas, entre os poderes, o vilão Sabbac teve uma participação esquecível, mas que agrada muito mais do que alguns outros inimigos estabelecidos no DCEU; bem como a Intergangue, sem profundidade alguma.

O diretor Jaume Collet-Serra, embora saiba muito bem dirigir a ação do filme, não consegue tratar o projeto como um todo, que dá a impressão de uma montagem apressada. As 2 horas e 4 minutos de filme realmente mostram isso, algo rápido, frenético, e até divertido no ponto certo. Porém, é algo rápido até demais, tornando o começo do terceiro ato totalmente morno, depois de uma ação imparável em dois anteriores. O principal deslize do projeto é justamente não dar profundidade aos personagens principais, ou ao menos apresentar de forma correta a Sociedade da Justiça para quem não está habituado. Como é um filme feito para os fãs, o diretor não teve o menor dos trabalhos para que, pelo menos, pudesse apresentar de uma forma mais coerente.

Black Adam movie review: the Rock on a roll with a film that finally brings  the DC universe together | Evening Standard

Apesar de não compensar com o roteiro que vai para lá e para cá, em uma história um tanto apressada, em efeitos técnicos o filme é melhor. Lorne Balfe, conhecido por Assassin’s Creed 3, compõe a trilha sonora totalmente remixada, elétrica e cativante, algo bem característico para o longa. Há um bom uso dos efeitos especiais, embora algumas cenas pareça bem descompacto, deixando claro que o efeito não parece ter sido finalizado. E claro, o visual e paisagens não vazias, com o projeto sem o mínimo medo de causar destruição por onde quer que passe.

Com erros e acertos, Adão Negro é um filme bom, que mais se preocupa em um futuro e spin-offs do que consigo mesmo. No entanto, ao se preocupar com isso, abre portas para projetos inéditos na DC, e a introdução da Sociedade da Justiça foi um avanço claro.


Veredito

Adão Negro é um projeto que prometeu mudar a hierarquia de poder, mas apenas expande o poder e o próprio DCEU, com promessa para muito mais. Com o elenco principal totalmente confortável, há uma boa dinâmica entre os personagens em um roteiro básico, com reviravoltas um tanto previsíveis e decisões que os fãs podem questionar. Apesar disso, o filme oferece algo mais “ação do que roteiro”, o que já era esperado, mas não é um ponto que tira seu brilho. Adão Negro, sem dúvidas, é um bom filme de ação com muito poder, mas que deixa a desejar.

6,5/10.

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Gabriel Rodrigues Silveira http://critical-room.com/

Navego pelas águas misteriosas deste belo mundo do cinema, e procuro estabelecer todo o conteúdo possível, e mostrar os gostos de um jovem jornalista aspirante a cinéfilo. Mas, se perder a confiança em mim, confie nos outros integrantes do site.

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