Crítica: Halloween Ends (2022)

Aviso: Crítica sem spoilers!


Um fim melancólico de uma saga tão rica.


É o fim da saga Halloween. O novo filme da franquia, Halloween Ends, já estreou nos cinemas, trazendo o último e tão aguardado terceiro capítulo. O novo longa, que fecha a trilogia imposta por David Gordon Green, que recebeu a benção do criador John Carpenter, era um dos grandes lançamentos do ano. No entanto, parou no “era” e dessa palavra não saiu mais. E, novamente, a saga vai gerar burburinho entre os grandes fãs do slasher e terror, por trazer um filme que promete dividir o público.

O grande desenho para o fracasso de Halloween Ends estava pronto após o anúncio do lançamento simultâneo com o Peacock. Fora as mudanças no final do filme com as refilmagens que aconteceram há menos de três meses – o que não mudou nada. E é estranho ver que a franquia, novamente, deslizou, e não teve um final digno para Michael Myers e Laurie Strode. Mesmo que o filme de 2018 seja um sucesso, e o sólido em dois atos Halloween Kills – O Terror Continua tenha dividido o público – não é ruim -, Ends perto destes dois parece como ver Halloween 5 ou 6, ou até mesmo o Ressureição. Por isso, é uma pena ver como o potencial foi justamente desperdiçado no último filme.

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A equipe criativa liderada por Green sabia dos riscos de trazer mais originalidade no último e derradeiro longa-metragem. E falham e fazer isso, já que a ideia é um copia e cola de Halloween 4 – nem tanto, mas é semelhante. Mas, neste mesmo quarto filme, havia sentido em criar uma história com ligação de uma personagem com Myers pelo parentesco. Já na nova parcela da saga não faz sentido algum, e torna tudo tão previsível e sórdido, desagradando os que tanto amam a saga. Com certeza, os que criticaram Halloween Kills estão arrependidos por terem visto Halloween Ends.

No novo filme, que se passa quatro anos após os eventos de seu antecessor, Haddonfield está mais calma após o desaparecimento de Michael Myers. No entanto, é claro, o crime não para, e alguns assassinatos acontecem, alertando a polícia sobre o possível retorno do assassino de babás. Por sua vez, Laurie Strode (Jamie Lee Curtis) e Alyson (Andi Matichak) estão morando juntas em uma nova casa, e Laurie parece ter enterrado Michael por algum momento. Mas, foi apenas por alguns anos, depois de longas terapias para curar suas feridas mentais causadas por Myers.

O grande problema do filme entre os personagens é a falta da dinâmica entre mãe e filha, que Karen (Judy Greer) possuía com Laurie. Karen foi morta de forma decepcionante em Halloween Kills, gerando ainda mais críticas pesadas ao filme. A personagem trazia o peso de que poderia ajudar sua mãe a matar Michael desde o filme de 2018. Ela realmente o faz, tanto no primeiro quanto no segundo da trilogia. Sua falta na terceira produção é realmente sentida, pois Karen era um dos elos para a sanidade de Laurie estar em dia. Além disso, há uma perca na carga dramática, algo que puseram nos dois anteriores de uma forma muito natural.

Halloween Ends | Novo trailer mostra confronto entre Laurie e Michael  Myers; assista - Ingresso.com

Infelizmente, o culpado da vez é o próprio diretor e sua história que não chega a lugar algum. Há uma queda brusca de rendimento entre os primeiros 15 minutos para o restante. O filme não passa o perigo iminente que Myers causava em seus anteriores. O deixa jogado para escanteio. Enquanto isso, decide explorar um romance bobo e sem fundamento, na tentativa de criar um novo “corrompido”, em uma falta de ideias para fazer com o final. É incrível como quatro roteiristas, que são, Green, Danny McBride, Paul Brad Logan e Chris Bernier, não conseguiram criar uma história digna para finalizar a franquia com chave de ouro, e deixar Carpenter orgulhoso. A trama é fraca, previsível, que realmente apenas prepara para o fim de Michael Myers e Laurie Strode.

Há uma série de erros nesse filme, e todos eles são justamente quanto ao roteiro. O filme, ao sair de sua zona de conforto, torna uma produção sem a alma “Halloween”, o que frustra os fãs da franquia. Enquanto a falta de Karen e sua boa trama com Laurie não estão presentes, Allyson consegue forçar um amor obsessivo com uma pessoa diferente. Muitos podem defender dizendo que é a desconstrução do romance. Mas, como pode ser a desconstrução de um romance, se ele está sendo implementado pela primeira vez?  Não consegue desconstruir, tanto no sentido literal quanto no figurado, e o que realmente pesa no filme é justamente a personagem que deveria morrer no Kills: Allyson.

Mas em meio a essa desgraça total, e o queridíssimo Michael Myers ter sido esquecido, Laurie Strode de Jamie Lee Curtis brilha. E como brilha! Deixada de lado no filme anterior, o que faz um pouco de sentido, dado sua condição física, neste novo ela está apavorante. Ela realmente não tem mais medo do bicho-papão. Na verdade, o jogo se inverte, o que é agradável. A atriz se entregou para não tornar o filme um total desastre, e seu arco que tem um fim é tão satisfatório quanto a sequência dos 20 minutos finais. Realmente, Halloween Ends consegue engatar nos últimos 20-30 minutos, o que já é tarde demais. 

Does Michael Myers Die in 'Halloween Ends?' 'Halloween Ends' ending  explained

E, infelizmente, além da boa atuação de Curtis, apenas a batalha final mostrada no trailer é o ponto positivo do filme. Não se pode esquecer da trilha sonora assinada por Carpenter, que não nada memorável nesse novo filme, embora esteja bem colocada em momentos favoráveis e necessários. Claro que poderia ser melhor, caso a própria história favorecesse a questão, mas no final, ao menos isso, Halloween Ends merece um elogio. Um destaque positivo também fica para a fotografia soturna, e novamente lembrando alguns projetos antigos da saga. Mas, a forma como Haddonfield é apresentada, bem como alguns outros personagens ganham suas aparições, nada parece como uma produção levada à sério.

Mas, enquanto as coisas positivas são escassas, há muito de negativo no projeto, que deixou a desejar, e fez os trailers serem a melhor lembrança de um final bom e único da saga Halloween. É uma oportunidade jogada no lixo, e Halloween Ends, com certeza, será comentado por diversos anos por ser um dos piores filmes da franquia. 


Veredito

Halloween Ends é uma das piores obras da saga de terror de todos os tempos. Há filmes piores, sem dúvidas, mas o projeto não consegue alavancar, e a criação de uma nova história não faz sentido algum em existir. O filme é uma extensão infeliz de Halloween Kills, sem alma, sem drama, sem terror, e sem Michael Myers.

Tudo se sustenta nas costas de Jamie Lee Curtis, em uma trama rasa, que parecia tudo nos dois primeiros atos, menos Halloween. É um encerramento decepcionante da franquia, em um filme que soube apenas honrar a saga com seus 20 minutos finais.

4/10.

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Gabriel Rodrigues Silveira http://critical-room.com/

Navego pelas águas misteriosas deste belo mundo do cinema, e procuro estabelecer todo o conteúdo possível, e mostrar os gostos de um jovem jornalista aspirante a cinéfilo. Mas, se perder a confiança em mim, confie nos outros integrantes do site.

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