Review: Pacificador (1×01, 02 & 03)

Aviso: Review sem spoilers!


A violência escancarada da mente brilhante de James Gunn.


A tão aguardada série do Pacificador, spin-off de O Esquadrão Suicida, finalmente estreou na HBO Max na quinta-feira (13), com seus três primeiros episódios. Trazendo o auto-intitulado herói da nação, Christopher Smith (John Cena), que se recupera em um hospital após os eventos de Corto Maltese, o personagem já é o mais amado e odiado entre os fãs da DC, e odiado entre outros personagens da série. A aventura louca na mente de James Gunn está apenas começando.

São três episódios de uma duração média ente 40 e 45 minutos, que deixam o espectador entretido tanto quanto as cenas do Tubarão-Rei em O Esquadrão Suicida. Para um possível castigo de traição – é o que acha Emilia Harcourt (Jennifer Holland) -, Amanda Waller (Viola Davis) enviou uma equipe liderada por Clemson Murn (Chukwudi Iwuji) para trabalhar com o Pacificador. Para todos eles, ele seria o herói mais filho da **** que existe, mas precisam de suas habilidades de assassino cruel e frio. No entanto, Smith busca redenção, e mostra-se arrependido de suas ações anteriores de “paz a todo custo, não importa quem eu tenha que matar para garantir isso”.

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A trama mostra o personagem saindo do hospital e indo para seu trailer, onde vivia anteriormente, na cidade de Evergreen. Esperando não ser preso, ou seguido por quaisquer que estejam ligados à Waller e A.R.G.U.S., Smith apenas curte um momento de paz em sua casa – apesar de que Vigilante (Freddie Stroma) não tenha deixado seu celular tão em paz. Mas, como sempre, espere o inesperado, com Pacificador sendo recrutado por Murn, em uma equipe que ainda conta com John Economos (Steve Agee) e Leota Adebayo (Danielle Brooks). Muita atenção nesta última personagem, que possui uma ligação muito interessante com Waller.

Como diz nos trailers e sinopse, o Pacificador e sua equipe precisam derrubar tudo sobre o Projeto Borboleta, assim como foi com o Projeto Estrela-do-mar. É já explicado ao personagem o que ele precisa fazer e quem matar, mas não sobre o que o projeto realmente é. Ao final do episódio 3, ele descobre que as pessoas estão sendo controladas por insetos – que realmente devem ser borboletas modificadas -, que concedem poderes ao humano. Mas, isso não apenas nos EUA, e sim, espalhado no mundo inteiro.

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Ver o crescimento de John Cena como ator é incrível, com o mesmo tendo cenas absurdas, do tipo dançando apenas de cueca. A série tenta fazer ao máximo com que o espectador passe a gostar do “herói” de capacete prateado, mesmo que suas ações tenham sido as piores possíveis. O carisma de Cena é colocado em prova, e ainda melhor do que no filme. Há mais minutagem para o ator mostrar que se sente à vontade no personagem, bem como a boa performance de Holland como Harcourt. O destaque, com certeza, fica para a interação entre Stroma e Cena, ou melhor, Vigilante e Pacificador, que em certos momentos nos quadrinhos, lutaram contra si. Na série, até o momento, são grandes parceiros.

James Gunn pôde usar toda sua mente louca neste projeto, que já é um dos melhores de sua carreira. Como em O Esquadrão Suicida ele possuía um certo tempo para trabalhar no material, em Pacificador ele vai além, explicitando toda a violência e o sangue de um personagem matador – Vigilante também entra nisso. Gunn satiriza um personagem patriótico, sendo ele um machista e totalmente preconceituoso, mas com menos sede e prazer para matar do que o próprio Vigilante tem. É notável que ele aja assim, visto que seu pai é um grande criador de armas – o capacete é uma delas -, mas um racista que odeia tudo e todos. Possivelmente, os próximos episódios expliquem algo sobre a infância de Smith, e de como seu pai o tratava, tornando seu filho em uma máquina de matar e um idiota sem escrúpulos.

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Além da boa performance do elenco, e uma direção segura, com episódios referenciando vários personagens da DC e possivelmente abrindo portas para novos, os efeitos especiais estão tão bons quanto em O Esquadrão Suicida. Quando Cena e Gunn disseram que Pacificador manteria a qualidade da obra que o originou, não mentiram. O belíssimo trabalho da produção de efeitos especiais, e também dos práticos, merece ser elogiado. O uso excessivo da violência na série será constante, bem como a trilha sonora de John Murphy em momentos de ação. Vale destacar a própria abertura, tão brega e satisfatória, que já impregnou na mente dos fãs.

Pacificador só não é mais caricato que Stargirl em seus trajes, apesar de tamanha semelhança – eu diria que iguais – aos quadrinhos. A boa história de violência exagerada se mantém, desenvolvendo um personagem ignorante politicamente e socialmente, e trazendo alguém quase parecido com sua personalidade. O show já entrou no rol de melhores produções de heróis para a TV, chutando a porta e querendo mirar o pódio.


Veredito

Com um início promissor, a série Pacificador zomba sem censura da fraca noção de justiça do personagem-título, e denota toda sua personalidade nata sutil e preconceituosa. Mantendo a qualidade do filme que originou o show, e possuindo um elenco competente e divertido, a série utiliza da violência para tentar explicar um personagem falho, que mostra arrependimento. Apesar da sanguinolência, os três primeiros episódios abordam um sistema baseado em assassinatos, onde o governo dos EUA tentam não ser o vilão, e varrendo para baixo do tapete toda a sujeira que faz.

10/10.

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Gabriel Rodrigues Silveira http://critical-room.com/

Navego pelas águas misteriosas deste belo mundo do cinema, e procuro estabelecer todo o conteúdo possível, e mostrar os gostos de um jovem jornalista aspirante a cinéfilo. Mas, se perder a confiança em mim, confie nos outros integrantes do site.

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