Crítica: Cry Macho – O Caminho para Redenção (2021)

Aviso: Crítica sem spoilers!


Clint Eastwood entrega com maestria, um novo filme com muita lição.


A Warner Bros. e Clint Eastwood possuem uma parceria de longa data. O renomado ator e diretor, que brilhou em filmes de faroeste, Gran Torino e diversos outros projetos, retorna mais uma vez, e justamente atuando e dirigindo Cry Macho: O Caminho para Redenção. Adaptando a obra de N. Richard Nash, que foi publicada em 1975, Eastwood finalmente tira do papel, um longa-metragem dos sonhos, após tanta dificuldade vivida em torno desta.

Dirigindo a si mesmo, Eastwood é Michael Milo, um caubói que participou de diversos rodeios e é reconhecido localmente no Texas. Já velho, mas ainda possuindo a habilidade que nunca esquecera, Milo precisa ajudar seu contratante a resgatar seu filho, um garoto que vive no México. A jornada do personagem começa, de forma inquietante e um pouco relutante, mas preciso no que queria fazer. O começo dos anos 1980 nunca fizeram tão bem para Milo, que parecia jovem novamente, sendo seduzido, caçado, lutando e indo resgatar um menino que nem ao menos conhece.

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Visto que a trama acompanha o passado e o futuro, em um personagem que ganha a graça do espectador, Cry Macho tenta tornar tudo com o puro ar da leveza, drama e o mínimo de ação. O filme consegue trabalhar muito bem no desenvolvimento de seus principais, além dos personagens de apoio, que oferecem um bom peso para a história background. Marta (Natalia Traven) possui um papel fundamental para a história de Mike, que explora um passado tenebroso de sua vida – há um momento no longa que o passado em à tona, e é excepcional a atuação de Eastwood. Já Howard (Dwight Yoakam), um personagem até que desagradável, assim como Leta (Fernanda Urrejola), consegue fazer paralelo com Mike, por querer passar mais tempo com quem ama.

O elenco não traz nomes tão conhecidos de Hollywood, e sim, mais do México. O único nome de destaque, realmente, é Eastwood. Não é surpreendente vermos ele como o mais notório em um elenco desconhecido, já que em sua filmografia, muitos de seus trabalhos seguem o ator, misturando-se com alguns nomes fora da grande lista de renomados. Eduardo Minett (Rafa), é uma boa surpresa para o longa, mas, é abafado por Eastwood, que aos 91 anos, mostra força para dirigir e estrelar um filme. Obviamente, não é a melhor atuação de sua carreira, mas há momentos em que ele está muito bem inseridos na trama, que fazem qualquer espectador olhar com brilhos para a tela. O astro sabe dar destaque a si mesmo, e também para o humor, não prendendo o filme e o arrastando para um drama cansativo.

Entretanto, o que chama mais a atenção além do bom roteiro de Nick Schenk e a boa performance de Eastwood, é a fotografia e trilha sonora. Mark Mancini está em sua primeira contribuição com o ator, e sua música consegue acompanhar o ritmo lento e suave do filme. Não é preciso acelerar, para tornar tudo intenso. Bem como a fotografia, que sabe moldar facilmente a luz contra o rosto do personagem de Eastwood, em momentos oportunos, quando àquele em que cuida de um cavalo. São aspectos técnicos que podem muito bem levarem o gigante do cinema para o Oscar.

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Para finalizar, Cry Macho é a obra em que Eastwood se sentiu mais tranquilo nos últimos anos, podendo filmar em um curto período, pensar em adaptar e sabendo não cair na corrida e intensidade. O ritmo lento do filme, proporciona para o espectador, momentos lindos, acompanhando um personagem que retoma sua vida para melhor, e sente prazer em ajudar qualquer um. Aqui, os pequenos detalhes são os mais grandiosos.


Veredito

Cry Macho é uma das obras fenomenais de Clint Eastwooddesde Sniper Americano. O longa aborda tanto um caubói velho que se redime de seus erros, e serve muito bem uma comunidade que desconhece, quanto a corrida por ser zeloso para um garoto que nem sabe quem é. O roteiro preciso de Nick Schenk, entrega todo o aparato que Eastwoodprecisava: drama, humor, um pouco de leveza, fazendo ainda o espectador espera por algo, e fazendo este algo acontecer. Embora não seja a sua melhor atuação em toda sua filmografia, a lenda do cinema se entrega para a suavidade, em um longa-metragem fascinante. 

9/10.

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Gabriel Rodrigues Silveira http://critical-room.com/

Navego pelas águas misteriosas deste belo mundo do cinema, e procuro estabelecer todo o conteúdo possível, e mostrar os gostos de um jovem jornalista aspirante a cinéfilo. Mas, se perder a confiança em mim, confie nos outros integrantes do site.

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