Aviso: Crítica sem spoilers!
Sequência direta do original desperdiça uma boa homenagem.
A franquia Halloween é um clássico, que está durando até hoje, mesmo depois de mais de 40 anos. O primeiro filme, lançado em 1978 e idealizado por John Carpenter e Debra Hill, é a obra que motivou outros estúdios a explorarem o subgênero slasher. Com o sucesso do primeiro filme, ganhando uma sequência e depois toda uma franquia, foi a vez de “deixar de lado” os anteriores, e focar em um especial. Este é Halloween H20 – Vinte Anos Depois, uma sequência direta do original, que traz Jamie Lee Curtis de volta à franquia desde 1981.
Curtis de volta ao papel de Laurie Strode era o sonho de todo os fã da franquia Halloween. A atriz havia desempenhado a final girl uma última vez em Halloween II, e depois, sendo citada ou aparecendo em fotos. Em H20, Strode assume outra identidade, de uma reitora de um colégio, que possui um filho em um casamento não tão sucedido, John (Josh Hartnett). Mas, a sequência inicial explora uma outra figura do longa original, a enfermeira Marion (Nancy Stephens), uma especialista no assunto de Michael Myers. O assassino está solto novamente, e localiza Laurie através de duas pessoas: A enfermeira Marion e o filho de sua irmã, John.
Apesar de Halloween (2018) tratar que Laurie não é irmã de Michael, H20 retoma a ideia usada no segundo filme, que não havia sido implementada no primeiro. Isto deixa um furo de roteiro gigantesco, pois o longa original, em nada deixa claro que os protagonistas são irmãos. Robert Zappia, que assina o roteiro, acerta em muitos elementos, mas erra neste em específico, os tratando com laços sanguíneos. O lado bom, realmente, foi a forma de como a trama conseguiu explorar os medos e temores de Laurie, quando todo Halloween chega. A história denota que a personagem não superou os eventos passados.
Entretanto, entre alguns acertos e erros no roteiro – que é, até, bem competente e inteligente -, a maior decepção se encontra na ambientação e trilha sonora. H20 homenageia àqueles que deveriam homenageá-lo, como Sexta-Feira 13 e Pânico; especialmente Pânico. A ambientação se aproxima muito mais de Pânico do que da própria franquia iniciada por Carpenter, o que, de certa forma, é irresponsável da parte da produção. Se a ideia era homenagear o primeiro filme, não foi bem o que aconteceu. Toda a questão técnica ainda de ambientação e trilha sonora deixam a desejar. As faixas sonoras originais são imemoráveis, e a música tema é tocada pouquíssimas vezes. Até na composição, H20 assemelha-se ao filme do Ghostface, mostrando pouca originalidade, com uma direção até boa de Steve Miner, mas um elenco não tão seguro.
O revival deixa a desejar, num todo, mas ainda consegue dar mais sustos que qualquer outro Halloween anterior. Com Michael Myers sendo uma forma sobrenatural, e não parecendo ser de nada um humano, ele é difícil de matar, o que chega a ser ridículo todas as tentativas para o final. E se a ideia era homenagear a própria franquia, nada deu muito certo por aqui, mostrando apenas todo o desgaste de uma franquia após Halloween 4.
PS: Janet Leigh, estrela de Psicose, faz uma ponta muito bacana no filme. Curiosamente, ela é a mãe de Jamie Lee Curtis.
Veredito
Halloween H20 – Vinte Anos Depois não é um desastre completo, e muito conceito implementado na trama, torna o filme um bom atrativo. O retorno de Jamie Lee Curtis como Laurie Strode é o maior acerto do longa, que homenageia outras franquias sem necessidade alguma. Mesmo que a montagem do longa seja boa, o jeito como se transforma para o terceiro ato, parecendo correr contra o tempo, é irreal e incapaz de manter a qualidade de atos anteriores. H20 é uma homenagem fraca, para uma obra-prima que revolucionou o subgênero slasher.
6/10
