
Aviso: Crítica sem spoilers!
Segunda parte não mantém qualidade da primeira.
Após longo desejo dos fãs, a DC finalmente adaptou uma animação de Batman: O Longo Dia das Bruxas, uma das melhores histórias da editora e do personagem, escrita por Jeph Loeb, com a arte de Tim Sale. Com a primeira parte da animação tendo sido lançada no mês passado, foi a vez da segunda parte chegar, imitando assim Batman: O Retorno do Cavaleiro das Trevas. Assim como na HQ, o mistério se mantém até o final, mas a segunda parte está aquém do que foi mostrado na primeira – mas ainda, é muito boa.
A segunda parte da animação continua a trabalhar com o mistério do assassino Feriado, e trabalha isso muito bem, dando poucos suspeitos, diferentemente da HQ, que coloca muitos suspeitos na lista. O intuito da animação é deixar o espectador imerso neste mistério sem fim, que coloca o principal protagonista em um cansaço e busca incessante pelo assassino de feriados. É possível fazer um belo paralelo entre o Batman da animação e da história na HQ. Já que é o começo de um novo universo para a DC nas animações, o Batman ainda subestima criminosos e ainda é inexperiente, visto que este caso do assassino parece ser muito maior do que outros que ele pegou. Nas HQs é totalmente ao contrário, e Bruce não se limita nenhum pouco para caçar o assassino. Não deixa de ser interessante ver que o vigilante ainda está aperfeiçoando seus métodos.
O grande problema da segunda parte de O Longo Dia das Bruxas é não continuar a questão da profundidade na trama de Gilda (Julie Nathanson), esposa de Harvey (Josh Duhamel), e modificar pontos importantes do quadrinhos. São pontos minuciosos que deveriam aparecer, para que deixassem um nó na mente do espectador assim como o quadrinhos faz com o leitor, porém o roteirista Tim Sheridan opta pelo simples, para que o filme ganhe um pouco mais de tempo. Há também uma pequena parte que deixa o espectador acertar quem é o Feriado, ou deixar um pouco confuso, bem logo após a transformação de Dent em Duas-Caras, o que joga o mistério para o lixo.
Mas, claro, mesmo que o filme tenha seus percalços, também possui pontos positivos. O quadrinho não opta por trabalhar a dualidade entre Harvey Dent e o Duas-Caras enquanto Harvey ainda é um promotor público. A animação consegue colocar isso em pauta, referenciando Batman: A Série Animada, Batman: The Telltale Series e propriamente Batman: Arkham City. É uma aula de dublagem de Duhamel, que nos remete a Richard Moll na série animada. Enquanto as apostas altas são em Harvey, Bruce (Jensen Ackles) tem uma subtrama mais emocional, mais do que o próprio quadrinhos, para que de fato, colocasse o herói em total insegurança e inocência – agradeça ao Espantalho (Robin Atkin Downes) por proporcionar este momento. Por fora, correm a trama de Selina Kyle (Naya Rivera), bem posta no filme, e também a confiança de Jim Gordon (Billy Burke) para com o Batman e Gotham. Tudo se encaixa como uma luva para o arco principal.
Por falar em vilões, os que possuem mais tempo de tela fazem uma ótima opção para a trama. Espantalho, Chapeleiro Louco (John DiMaggio) e Hera Venenosa (Kate Sackhoff), além do próprio Carmine Falcone (Titus Welliver), são as peças fundamentais para fazerem com que Batman comece a se perder em sua própria mente. Há também um espaço curto para outros vilões da vasta galeria do herói – uma das melhores – fazerem sua aparição, e que estão ali só para implementar o que havia no quadrinho como o Coringa (Troy Baker) e o Pinguim (David Dastmalchian).
Se por uma questão, a animação deixa a desejar em alguns pontos específicos como o roteiro, por outra, que são seus traços, não mesmo. Seguindo os traços do novo universo, não há nenhuma queda de rendimento em momento algum, e que pretende ser ainda mais caricato do que o antigo universo de animações focado nos Novos 52.
Porém, o maior acerto da segunda parte são dos dubladores, especialmente o trabalho de Duhamel como Harvey Dent e Duas-Caras, equalizando a calma e justiça de um, com a raiva pela injustiça do vilão. A dualidade é muito bem desenvolvida para que o trabalho de voz seja em sua total performance. Ainda, é válido elogiar Naya Rivera como Mulher-Gato e Jensen Ackles como Batman, que possuem uma ótima performance em seus personagens. É uma pena que a versão de Selina de Rivera seja a última que veremos. Por fora, ainda há Billy Burke como James Gordon, mas abro aqui grandes elogios para Atkin Downes na voz do Espantalho, que amedronta assim como John Noble em Arkham Knight. Baker ainda aparece como Coringa, e Dastmalchian, arma secreta da DC, como Homem-Calendário e Pinguim.
Se o elenco é o maior ponto positivo nas duas partes, a atmosfera gótica da cidade – totalmente quadrinesca -, é ainda mais emblemática, com chuva torrencial e escuridão na cidade mergulhada no crime. Mesmo que esteja abaixo de sua primeira parte, Batman: O Longo Dia das Bruxas, Parte 2 sabe como modelar um herói e seus vilões, e desenvolver cada subtrama para concluírem a principal, apesar de pontos importantes ficarem de fora. É uma boa entrada do Batman, ainda que jovem e menos maduro – melhor que nos N52 – para este novo universo nas animações.
Caso perguntem, sim, possui uma cena pós-créditos, e que pode deixá-los ainda mais animados de quem aparecerá.
Veredito
Batman: O Longo Dia das Bruxas, Parte 2 está aquém do que foi sua primeira parte, mas implementa um dos melhores elenco de vozes desde os tempos de Kevin Conroy e Mark Hammil. Se por um lado o elenco e a produção é vistosa, o roteiro deixa pontos de suma importância do quadrinho de fora, e que realmente fazem falta no final. Apesar disso, o desenvolvimento dos personagens é sólido, e Harvey Dent ganha o destaque como sempre mereceu. É um futuro brilhante para o novo universo da DC.
7/10.
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