Aviso: Crítica sem spoilers!
Obra-prima dos musicais.
Os Guarda-Chuvas do Amor, curiosamente, não possui nenhum número musical. Poderia ser um filme normal de uma história de amor, caso não fosse o fato do filme ser todo cantando. Fato este que funciona perfeitamente, graças à criação de universo e a entrega do elenco, com falas que são musicadas, bem refletidas na melódica trilha sonora de Michel Legrand.
Fugindo das convencionais histórias de amor, Jacques Demy conduz de forma fascinante a narrativa no decorrer de 3 partes. Na primeira parte, nos são apresentados Geneviève e Guy, dois jovens perdidamente apaixonados um pelo outro, com planos de se casar e passarem uma vida juntos. Nessa primeira parte o uso de cores fortes e contrastantes é bem utilizado ao enaltecer a aura de paixão envolta nos dois jovens. Nas duas partes posteriores, as cores, em conjunto da já citada melódica trilha sonora, são responsáveis por reforçar a melancolia presente nas situações conflitantes que acabam por deixar a separação do casal quase que inevitável.

Catherine Deneuve, em uma grande performance, entrega a junção perfeita de interpretação e musicalidade. Ela convence muito bem nos momentos de angústia e insegurança de sua personagem. Sua beleza e sua voz angelical fazem dela uma das grandes românticas do cinema. Nino Castelnuovo, por sua vez, acaba por ser o companheiro ideal de Deneuve no casal de protagonistas. Ele, em especial na terceira parte, deixa bem claro os sentimentos de isolação e mal-estar sentidos pelo personagem, vemos ele, por diversas vezes, cabisbaixo, flutuando na cena com um olhar fixo para o nada.

Mais do que um musical, ou um mero feitio fantasioso dado pelas fortes cores e a musicalidade do filme, a força de Os Guarda-Chuvas do Amor reside no realismo e na dureza que o filme trata do amor, de como o amor pode parecer tão bom e angustiante ao mesmo tempo, de como tudo pode mudar de uma hora para outra, ou mesmo de como o amor, na verdade, pode ser paixão. Tão fascinado que fico, chego a dizer que é uma das mais fortes histórias de amor das quais já vi.
Veredito
Sendo mais um dos belos frutos da Nouvelle Vague, Os Guarda-Chuvas do Amor é um apaixonante musical que nos mostra os dois lados do que pode ser o amor.
10/10.
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